O ACIDENTE
Sem perceber o tempo passa,
ou passamos por ele.
Da infância os olhos tristes,
Nos dias de hoje vistos em fotografias...
Mais a frente jovem adolescente,
Um dia me lembro que falei para minha mãe
quero ir para o Arizona...
Sequer sabia onde era este lugar;
Imaginava um deserto, areias...
Sem ninguém por perto;
Simplesmente era o retrato da minha mente,
Já sentia um enorme vazio,
Tristeza sem saber do que...
Sem contar que queria entrar no convento,
sem ao menos ter noção de religião...
Mais adiante mulher fui à luta,
Dias de sol e chuva era a labuta,
Onibus lotado, os pés dentro e os
braços pra fora, quase atropelei um poste...
Senti um tremor, medo...da morte,
Foi a primeira vez que ela esteve tão presente
E não daquele vez, hoje vejo que foi sorte,
Pois não teria vivido muitos dias de alegrias,
Mas as tristezas...alí estava viva....
Em outro instante...
O passeio triunfante de surpresa,
Primas e família e o carro caiu no abismo...
Naquele instante pedi por nossa senhora,
Conformada momentaneamente se fosse minha hora;
E não foi para me salvar, mas pela minha mãe
que sabia em segundos o seu sofrimento
ao saber que um filho deixaria este mundo.
Na terceira virada fui
Lançada pelo vidro de trás,
Caí na terra,
Me lembro que
Algo caiu nas minhas costas,
a dor fora tão forte...que fiquei com medo
de olhar para minhas pernas,
Não as sentia...
Posso relatar o meu corpo e os sentidos,
Deve ser a adrenalina que subiu,
O corpo esquentou por dentro como fogo,
A boca ressecou, a sede era da morte
como dizem...pude senti-la...
Nisso não sentia nada no meu corpo,
Durante duas horas....
Se tivesse morrido alí, nenhuma dor sentia...
Ia como passarinho...
Socorrida ...
Ouvia dizer que eu estava tendo um enfarto,
Não sei de onde saiu isso...
Talvez por naquele momento parecia que eu era a maior afetada,
Pelos meus trajes Todo rasgado...
não era tinha outros que ficarão de licença médica por mais de anos...
Me lembro no hospital..
Perdi minha saia,as sandálias que estão abotoadas, era ana bela;
e um tremendo rasgo vertical
de cima em baixo, não sei como o torax não fora afetado;
E o carro virou um macarrão tipo miojo todo amassado.
Na perna um pequeno arranhão,
mas dentro havia vidro..
E a costela doía demais...
Foi uma lata de planta que caiu
nas minhas costas
Não quebrei a costela,
mas ela cedeu, não foi preciso
fazer infiltração... doeu 10 anos...
E eu só queria ÁGUA,,,,muita sede...
O médico não quis me dar um copo de água,
Disse apenas, você não morreu no acidente,
seu corpo está quente, se beber água morrerás...
A morte me rondou duas vezes,
Mesmo sentindo essa tristeza que me acompanha
desde infância...nunca quis morrer...
E nunca foi por mim,,,,
Sempre pensei na minha mãe,
O seu sofrimento,,,digo, pois não tenho medo da morte.
Durante toda minha vida....sei que existe um motivo,
e procuro...Talvez seja um enigma..o que procuro
é simplesmente Viver a vida com sua forma que nasci
E contemplar todos aqueles que a mim chegaram,
Mesmo aqueles que tiveram sua passagem curta
no meu caminho, com certeza a bifurcação desses
caminhos tinha uma razão...Não sabemos muito...
A vida é um mistério...e cada um de nós temos
o lado sério, lúcido e também o outro lado
O escuro...esse é o perigo...
O que um dia fizemos de bem ou mal,
ficou para trás, nos passos que damos,
o tempo e a vida de mãos dadas,
E não percebemos...
Haverá um dia na morte...
Que tudo que gostariamos de saber
é extamente na agonia dela, ou pressentimento da mesma,
Pode ser que eu esteja errada,
Mas noto que todos que estão mal esperando a danada,
Sempre tem a chamada melhora da morte.
E é nela que lembramos do que fizemos, é o espaço de tempo
restinho dele para dar última oportunidade para perdoar se tiver
que perdoar,,,e também pedir perdão...
Mas isso é dádiva para quem espera sua morte no tempo certo e não
aqueles que querem dar fim ao que não tem direito de fazê-lo,
Para isso o perdão será percorrido por milênios,
No que por pouco tempo temos de recorrer enquanto vivemos...
Enquanto temos tempo, o nosso tempo..
Um dia saberei do que se trata minha tristeza oculta desde a infância,
Mas se for para descobrir assim....quero viver triste, convivendo com ela,
de certo há um motivo, ou ainda verei este motivo,,,,
Se for isso, só peço a Deus que eu passe pelo que tiver que passar,]
pois ninguém passa por nós, porém, com sua ajuda para que eu venha
sobreviver e ter minha vitória, e aos céus dar gloria....
"Um detalhe que não poderia esquecer:
O carro era de uma pessoa, cujo irmão emprestou, ...
De sorte houve feridos, ninguém morreu, mas o carro, um bem, se perdeu...
O dono do carro não quis nem saber, queria seu carro de volta...
Todos de licença medica...a familia correu, se reuniu e levantou o montante...
Um ato de indignação, o irmão não quis saber se eu proprio irmão estava todo quebrado...Um ano depois, um acidente que não foi nem por perto igual aquele... este que emprestou veio a falecer....
" Caracterizado o EGOISMO e a falta compreensão com um irmão, sabendo que não seria lesado, quis o bem a curto prazo."
Existe algumas passagens que posso elucidar,,,e neles onde sei que errei
peço perdão de coração e também a Deus,,por não saber entender...
Que a natureza tem sua beleza,,cada ser tem a sua,,,cabe a cada um
Aliviar seu fardo, com prudência...
" E tudo muda, se transforma e toma sua nova forma...até os sete anos de idade, era uma criança sem sorriso...não sorria,,,e a tristeza nos olhos"
Após o sete, o sorriso veio natural... hoje é meu cartão postal"
Natural...porém, nos olhos visível a tristeza...
.Meu pensamento corre tão veloz que as vezes não consigo alcançar os detalhes, e é nessa hora que a linguagem sai atrapalhada, e quando vejo no papel, no caso da escrita sai algo que nada tem haver com que gostaria de escrever..mas quando estou serena, eles fluem naturalmente...
Sou intensa, teimosa, reflexiva nos meu próprios atos(isso me deixa muito mal por vários dias, até que eu ache a minha saída, por vezes é dolorida),,,tento deles extrair o melhor dos fatos, meu maior defeito é ir até o fundo, os mínimos detalhes para não me arrepender mais tarde, no entanto, é tortura, por vezes noto que não há mais jeito...mas vejo o ser humano como minha própria imagem,,,achando que sempre pensara e pesara nos contras e prós e eu me engano, pois ninguém é igual a ninguém,,,são mais limitados do que eu....