Doído (assim, com acento agudo)
Nem parece mais que a gente se conheceu. Quase não parece mais que dividimos o mesmo espaço e os mesmos sonhos, segredos e medos. Hoje eu acordei e não tinha mais nada seu aqui. As coisas, o cheiro, as fotos…tudo isso já tinha ido com você desde o dia em que quis terminar. Mas, de alguma forma, você sempre manteve tudo de uma forma tão sua que eu nunca havia me permitido estar aqui sem me sentir com você. Hoje o cheiro era outro. Eu procurei pelo seu e me assustei: tinham feito uma limpeza. Estranhamente o produto usado deixou o aroma de quem partiu ou morreu (e acho que no final das contas, o sentimento que fica é o mesmo depois dos dois) e eu tive medo e chorei. Você me faz uma falta danada e estar aqui sem você é tão doido (e doído também) que parece que não vou aguentar. Quem planejou o nosso destino foi tão mesquinho comigo, me deixou experimentar do melhor e depois fez questão de lembrar que as pessoas não ficam pra sempre. Os cheiros ficam, mas mudam tão fortemente que nos fazem até acreditar que nunca existiram.
Ps: o cheiro de pão quentinho me faz lembrar de como você comia engraçado e aí eu tenho certeza: você existiu.