Carta Aberta aos Eleitores
Havia me prometido que não comentaria e/ou discutiria publicamente (leia-se: postagem em redes sociais), política, nestas eleições, bem como não o fiz nas eleições passadas, não por falta de opinião ou posicionamento e sim por acreditar em sua total inutilidade.
Mas o excesso de postagens de amigos e parentes, e até mesmo de páginas que sigo, na rede social que escolhi, não para ser a vitrine da minha vida e sim a ferramenta que me possibilita ficar mais próximo da minha família e amigos, bem como seus argumentos imbecis, arrancaram-me da minha proposital indiferença.
Quero deixar claro que odeio toda esta poluição: visual, sonora e pseudointelectual que rotulam como política e tentam empurrar goela abaixo de pessoas verdadeiramente esclarecida.
No conceito primordial da palavra, política é algo feito pelo, para e com a participação do povo.
E participar de um processo político vai muito além de evacuar sua opção, muitas vezes decidida por mera conveniência, na urna eleitoral.
Considero vergonhoso ver quem em pleno século XXI, as campanhas políticas não evoluíram um décimo. Para minha infelicidade, sou obrigada a ouvir marchinhas piores que a da campanha do Jânio com a tal "Varre, varre, vassourinha", aliás neste quesito regredimos, pois nem criatividade possuem os marqueteiros que ao invés de inovar fazem paródias que são verdadeiros atentados ao bom gosto, indo ao cúmulo de usarem como inspiração uma cantiga de roda muito ouvida pelo meu caçula.
E falando de campanhas, pior que ouvir os pretensos "jingles" é presenciar uma verdadeira lavagem de roupa suja em rede nacional. O oneroso espaço que deveria ser usado para informar a população sobre os planos para o governo e políticas públicas é usado para troca de ofensas e calúnias de ambas as partes.
E ainda tenho que escutar/ler onde quer que eu vá os argumentos mais imbecis que meus ouvidos/olhos são capazes de suportar.
- Olha comadre, não vote em "A", pois se for eleito fará o mesmo que FHC.
Nem se o próprio FHC fosse eleito hoje, teria condições de recriar no Brasil as condições que existiam há 12 anos. Os cenários políticos e econômicos são diferentes. O Brasil é outro.
- Não votem em "A" porque "A" "cheira" e bate em mulher...
Agora eu pergunto, se desvio de caráter e uso de drogas são indícios de que o cidadão será um mal governante, porque o Sr. Lula, que é sabidamente usuário contumaz de álcool e chefe do mensalão, é tão aclamado como bom governante?
E estes dois encabeçam uma lista interminável de argumentos ignóbeis, que chegam ao ponto de tentar desclassificar o candidato pelas más atitudes de seus eleitores.
Se pudesse votar em algo, votaria no direito a não participar desta palhaçada que chamam de eleições.
Tal qual fizeram anos atrás, onde os não fumantes ganharam o direito de não dividirem o mesmo espaço com os fumantes, expulsando estes para distantes dos que apreciam o ar livre de poluição, deveriam criar um espaço, um "comiçódromo", onde os que se dizem engajados e os que gostariam de ser ludibriados pudessem se unir, livrando o restante da população deste mal.
E quanto a tão falada democracia representativa, é na minha opinião a mais mentirosa e ineficiente das ideologias, pois o grande erro está no fato de delegar a um representante o direito de representá-lo sem lhe contar quais são as suas expectativas quanto a esta representação.
Somos um povo que delega a responsabilidade, mas não nos responsabilizamos por reivindicar, muitos menos fiscalizar o trabalho do delegado e depois culpamos o outro pelos problemas do Brasil.
Por fim, quero dizer que, assim como fazia quando eu ainda assistia televisão, desligando-a todas as vezes que começava o horário eleitoral, vou me ausentar do Face durante as próximas eleições.
E num desabafo derradeiro vos pergunto:
Que moral tem um povo que defende a eleição de A ou B para governante maior da nação, mas colocam o Tiririca no Congresso?