Quando apenas poeta.
Quando a tarde termina, caudalosa e lenta acalenta os olhos, fria e solitária se arrastam as horas E não mais que no silêncio se perderá o momento mágico e único do sorriso guardado, ainda escondido. E a noite que sorri dos mistérios dos segredos escondidos nada mais fará, que calar-se ante as estrelas sinuosas e vazias no céu dos olhos teus. E nesse silêncio que se forma entre a saudade e a solidão, rabisco poemas, talho versos na alma.
Escrever é a condenação dos párias, dos loucos, dos amantes. Suplanta-se a dor do amor nos versos, a tristeza da alma nas rimas. O poeta é antes de tudo um ser solitário, que esconde nos versos a própria dor que na alma sente.
E nesse ofício vou compondo minhas linhas, rompendo meus limites, compreendendo-me a cada verso, reconstruindo-me a cada lágrima. Não, não tenho o direito de calar-me; nem mesmo quando sangra a alma e os olhos. O poeta nunca pode parar, nunca pode parar. Sua sina e missão é essa: florir poemas puros de sua alma tosca e vazia.