RES HUMANIS IURIS
- Coisa de direito humano -
Imaruí, SC, 22 de maio de 2007.
Prezado Amigo Zulmar,
Hoje, eu quero tratar de um assunto diferente, não que ele seja totalmente desconhecido, mas dado a minha mania de interiorização, eu vou tentar escrever para ti a respeito da felicidade.
É sobre a felicidade sim!
Esse estado da alma que estamos sempre perseguindo, e que passamos a vida toda no encalço dela, porque ela é “Res Humanis Iuris”- coisa de direito humano.
Evidentemente para escrever sobre a felicidade, eu tenho que pelo menos tentar defini-la, mesmo sabendo de antemão que ela tem vários conceitos, porque em última análise, a felicidade é um estado emocional e isso difere (varia) o conceito de pessoa para pessoa.
Eu posso defini-la como um estado afetivo ou emocional de sentir-se bem ou sentir prazer.
A felicidade está muito relacionada com os eventos favoráveis da vida, por isso para encontrá-la depende exclusivamente de nós.
Ser feliz é simples: é saber apreciar e buscar o prazer saudável em todos os eventos da vida.
Sabendo das dificuldades e das limitações que a matéria nos impõe, o Artífice Divino da vida nos deu a felicidade que é sentida através dos prazeres.
Se soubermos apreciar com profundidade o espetáculo que a natureza nos oferta diariamente, o homem jamais poderá se sentir infeliz, porque a vida foi criada para que o ser humano sinta-se feliz sobre este planeta.
É verdade que existe muita desgraça, mas se analisarmos conscienciosamente, o nosso espanto será tremendo porque iremos descobrir que o mal (a infelicidade) é criação do próprio homem.
Portanto meu caro amigo, felicidade é a sensação que pode ser causada ou pode acontecer espontaneamente, nos deixando é claro, uma sensação de bem estar, de profunda alegria e de um imenso contentamento, o que chamamos de prazer.
A felicidade, esse estado emocional, nos move sempre para frente, ela também é contagiosa, pois envolve a tantos quantos conosco convivem.
Com a felicidade vale a pena viver.
Mário Quintana, esse poeta gaúcho em seus rompantes de ironia dizia que: “Viver vale a pena, nem que seja para dizer que não valeu à pena”.
Eu acho que o poeta não tinha razão, porque viver sempre valeu a pena, agora imagine que só pelo simples fato de dizer isso, já valeu à pena.
A filosofia pode muito nos ajudar a pensar sobre a nossa própria vida, para tanto, ela nos oferece a ética.
A ética meu amigo, é uma ciência e parte da filosofia que nos ensina a pensar as ações humanas e os seus fundamentos.
Devemos ao filósofo grego Aristóteles tudo o que existe sobre a ética, não que ele tem deixado algum escrito a respeito, mas tão somente o que foi anotado pelo seu filho Nicômaco, por isso hoje o livro que conhecemos é conhecido por Ética de Nicômaco.
O que está anotado nesse livro diz que Aristóteles fez uma análise do agir humano que marcou decisivamente o modo de pensar ocidental.
Caro Zulmar, dizia Aristóteles que o mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação, não seria outra coisa se não a felicidade.
Eu pretendo acrescentar aqui que todas as religiões, as filosofias de todos os tempos, as conquistas tecnológicas, as teorias cientificas e toda a arte são criações humanas que procuram apresentar condições para a conquista da FELICIDADE.
Infelizmente, o processo civilizatório com os seus sistemas injustos e a justiça de mãos atadas aos sistemas, cerceou a grande maioria da humanidade para a obtenção da felicidade.
Essa grande maioria que é chamada pelas religiões de “ovelhas”, na verdade se transformou em “ovelhas submissas”, elas também sufocam a ânsia de felicidade das ovelhas dizendo que: “Tenham paciência, pois a felicidade vos será oferecida na eternidade”.
Infelizmente, elas ignoram que já estamos vivendo uma etapa da eternidade.
Meu prezado amigo, eu acho que já estou descambando para uma profundidade filosófica que não nos convém argumentar agora.
Eu quero te comunicar que, ainda estou no aguardo dos teus comentários sobre a carta (Agere Sequitur Est) que te enviei em 08/05/07.
É verdade que tu és um executivo financeiro super ocupado, mas também é verdade que: “quem prefere um pretere o outro”, portanto, tempo é uma questão de preferência.
Desculpe-me a cobrança, mas nós somos assim mesmo, queremos sempre uma resposta para as nossas elucubrações.
Um abraço deste teu amigo desejoso de que, todas as forças cósmicas conspirem sempre a teu favor.
Eráclito.