ALIANÇAS QUE O DESTINO DESENLAÇA
Benzinho,
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Nesta data, comemoraríamos o dia em que celebramos nossa união. Hoje, tal não se dará: lavrou-se outra certidão, instrumento legal que me fará recordar de que definitivamente te perdi e de que, igualmente, o sentido do viver, assim como os planos que traçamos para o amanhã pereceram e contigo foram sepultados.
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Agora e precisamente nessa memorável data dos anos por vir, de fato e na essência, o festejar das bodas se esvazia: não mais ouço teu papear, teu sorriso já não sói ser ouvido, mesmo breve murmúrio tua voz emudece, como a vida que se silenciou.
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A justiça averbou ato irrevogável nos termos que explicitam alteração de meu estado civil. Desde então, caminho sem mãos e braços dados; sigo só a vereda que se projeta íngreme em vias da obscuridade.
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Quão lascinante é-me o sofrimento de existir sem ti!
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Em meu peito punge a despiedosa verdade de que em 4 de setembro nosso matrimônio nunca mais se brindará. Não obstante, eu te amarei todos os dias e até a eternidade.