Sinto sua falta.
Quase sempre me sinto só. E em meio a tantos sorrisos e pernas, continuo estando. De repente, a falta cria monstros que não posso confrontar. Falta coragem, meus medos prendem-me num amarrado de coisas vãs que me consomem e fazem perdurar dias inteiros como num domingo tardio.
Tantas vezes que coloquei-me a esquecer, resolvo encurtar nossos caminhos, ponho-me a lembrar. Quanta vida é vida ao lado seu. Fugaz, reconheço e me entrego. No entanto, sou só solidão.
Abraços são infindos quando reais, quando o sentimento é mútuo e brota, transborda, derrama, sem nunca bastar-se. Mas o tempo acaba por nos engolir. E eu sempre por nos afastar. Seja quem for, como for, sinto falta dos risos conjuntos e abraços sinceros. Sinto falta de pessoas que são inteiras, que não mentem e nem calam. Sinto sua falta.
Não se trata apenas de uma carta de amor e ausência. É mais!
Essa carta é nossa. Minha. Sua. NOSSA! Dos tempos perdidos, notas cheias e sob medidas. Dos versos inventados e decorados para alegrar.
Das insanidades tão sãs. Dos velhos bilhetes guardados, dos choros no banheiro. Essa carta é deles também.
Quando parar de afastar todos de mim, quem sabe não te encontro por aí?