PRETÉRITO

Querido Ontem,

Num determinado período da minha vida, tentei mensurar a quantidade de risos e a quantidade de choros promovidos por mim... Desisti. Quando percebi que o choro predominou em oposição ao riso, causou-me pânico. Mas quando percebi que certas atitudes se vigoraram em objeção a determinas tolices, causou-me alívio. Amadureci. A futilidade que preenche os momentos insanos em alguns adolescentes – concordo que com certo brilho – já não me pertence mais. O vazio que povoava minha mente foi preenchido por conteúdos sólidos e valores sublimes, alicerçados na realidade, embora convivendo com o ideal que é circunstância fictícia pela qual insisto em tecer apego, como é difícil se desvincular dele! A procura é incessante. O amor latente que por ora desconhecia aflora com intensidade. A visão limitada de outrora, agora atinge uma dimensão perto dos 180º, muito embora, embaciada algumas vezes, e os 180º restantes se acomodam na minha douta ignorância. Tenho muito que aprender. Descobertas pretéritas renovam-se e cedem às atuais. Mutação constante. Afabilidade e leveza passam a compor a minha identidade de forma mais ostensiva, muito embora, a rudeza e tantos outros vícios emocionais ainda circulam na periferia. A conexão com o aprendizado é total. E neste ínterim, peço, Deus, que nos anos vindouros e no desenrolar desse grande mistério, eu possa ser com o meu próximo, e sobretudo comigo mesma: mais compreensiva, mais amorosa, mais solidária, mais gentil... E que a minha consciência se expanda de modo a conhecer-me cada vez mais.

Grata por sua amizade e despretensiosa atenção.

Eu.

*Gostei da proposta querido amigo Facuri. Finalização da carta com brio.*

(por Facuri)

EM TEMPO: SUBSCREVO-ME: -"QUERIDA,HOJE!"