Despedida a uma quase amiga

Oi, amiga. Como você está? Não, não, perdoe o equívoco. Esqueci que não posso mais te chamar assim, de amiga. Mas pelo que você insistentemente tenta demonstrar, creio que estejas bem melhor que eu.

Sabe, a vida nos coloca deveras pedras no caminho, concorda? É engraçado perceber que só depois de 13 anos, eu descobri que para você eu não fui nada além de algo que te puxava para trás, que impedia o teu sucesso e que atrapalhava o tua brilhante trajetória.

Fiquei triste, confesso. Mas ao mesmo tempo fiquei feliz. Porque agora, já que estais sem mim, ninguém mais poderá interferir na tua caminhada ao ponto mais alto da vida.

Olha, não é por nada não e, por favor, não me interprete mal, como tantas outras vezes você já fez, mas eu estou surpreso contigo. Foram 13 (treze) anos de convivência, no entanto, esse tempo parece ter sido inútil para que eu enfim soubesse quem de fato era você.

Nunca imaginei que, um motivo tão torpe, servisse para desencadear no seu coração uma ira tão intensa contra minha pessoa. Uma série de ataques de caráter pessoal, que em nada tinha ligação com a real razão do atual desentendimento.

Mas o que te levou a isso, moça? Mágoa velada, talvez?

Não por ironia, apesar de que adoro utilizar dessa artimanha, mas é exatamente aí onde entra em questão a nossa maior diferença. Você me conhece melhor que ninguém. Você sempre me conheceu. E assim sendo, permaneceu porque quis. É como você mesma sai estampando por aí: "Fui avisada.", "Todos tentaram me alertar.", "Já tive muitos exemplos.".

Você, diferente de mim, tinha em mãos uma verdadeira enciclopédia ao meu respeito. Meu manual de instruções sempre esteve ao seu alcance. É que, dificilmente, eu fujo à regra. Eu sou do tipo de pessoa que age de acordo com a verdade que acredita. Eu não deixo acumular mágoas, ressentimentos, desavenças ou qualquer sentimento negativo que possa atingir a mim e aos meus. Por isso explodo tanto, falo tanto, brigo tanto, me desentendo tanto. Contudo sabemos, melhor que os outros, que só sou assim com quem amo.

Mas, e o que eu sabia sobre você?

Sabia e sei apenas o que você aparentemente queria demonstrar. Conheci há pouco uma das suas diversas facetas mascaradas. A da pessoa que estoca coisas ruins a respeito dos que a cercam ao longo dos anos, esperando um momento oportuno (se é que isso seja realmente possível), para assim vomitar a escuridão que carregas no peito.

Foi chocante lidar com isso. Logo vindo de você, quase amiga. Alguém que sempre admirei pela capacidade de regeneração, de superação, de conselhos inquestionáveis... É a velha caixa de Pandora.

Estou ainda recolhendo meus cacos. Não pense que sinto raiva ou saio espalhando injúrias sobre você. Não ousaria perder meu tempo. Na verdade, senti raiva de mim. Raiva por ter me deixado enganar pelo teu sorriso, pela tua companhia, pelos momentos que vivemos juntos, pelas vezes que me sacrifiquei por ti. Logo eu, o tido como tão esperto, caí no conto de alguém que me iludiu por todo esse tempo.

Li recentemente que você se libertou. Mas para uma moça que está liberta, você ainda continua se preocupando demais em relação a mim, não achas? Você também não acha que já chegou a hora de parar de tentar chamar atenção com essas frases duvidosas? Não está na hora de focar na sua vida e esquecer tudo que se passou?

Eu estou fazendo isso, quase amiga. Meu barco está indo em direção ao destino que eu decido remar. Você aparenta ser madura e é capaz de fazer o mesmo. Eu só acho que não há mais necessidade para tanto.

Não precisa me desejar amigos ou amores de verdade. Embora muitos tenham ficado para trás, mas todos foram de verdade. Porque eu sou uma pessoa de verdade. Não faço esse jogo sujo de esconder ou mascarar o que penso sobre o outro.

Estou encerrando aqui minhas palavras e este ciclo, querida velha quase amiga. E, de todo coração, torço para que realizes o mesmo. Não espere que te deseje o bem ou o mal. Eu te desejo apenas aquilo que você merece.

Adeus

Jey Leonardo
Enviado por Jey Leonardo em 24/08/2014
Reeditado em 25/08/2014
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