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Eu estou doente e o mais doloroso e não saber bem como buscar a cura, não sei bem a palavra é buscar a cura, na verdade passa mais por um processo de curar-se, remodelar pensamentos, vontades, objetivos e principalmente ações. Meu caso é grave e muito triste, não porquê eu vou morrer em meses ou poucos anos, mas porque estou morrendo a cada segundo a negligencia de si é algo que só quem já teve consegue compreender o quanto é difícil sair dessa, ainda mais sozinho. No fundo todos somos um pouco solitários buscando aquele vinculo aquela a pá de salvação, alguns vendem seus princípios, outros seus corpos, alguns pequenas ações honestamente eu não sei em qual desses ou outros possíveis perfis eu me encaixo o que eu sei é que estou morrendo e nada parece fazer sentido e ser suficientemente forte para segurar o peso do meu corpo em queda, gostaria de dizer que vou lutar um dia de cada vez, que buscar forças no futuro desconhecido melhor, mas eu não anseio por futuro, passado ou presente eu apenas estou com aquela indiferença que me soa peculiar; a dor não incomoda, a alegria não conforta e tudo é mais vago e sem sentido, talvez só talvez a dura realidade tenha batido a porta quando você olha ao seu redor e vê que tudo não faz o menor sentido e ao mesmo tempo não tem diferença é como pedir para um peixe entender qual é o motivo dele ser pescado e exposto até não lhe restar mais ar e quando aquele dia acaba ele simplesmente foi descartado em um lixeira qualquer: enfim eu estou doente e não lhe escrevo em busca de ajuda, afinal ajuda é algo que envolve empatia e interesse eu duvido que você tenha isso neste momento, ainda que se comova ao ler tais palavras uma semana vai passar e as coisas não vão mudar e você voltará a me perguntar sobre o tempo, então eu digo estou bem, estou cansado, estou insatisfeito, quero férias, quero dormir tudo aquilo que qualquer pessoa normal diria e te faço as mesmas perguntas normais e quando o assunto acaba eu me sinto satisfeito por não precisar mais fingir sorrir, não que eu seja do tipo que chore, mas é que quando você realmente tenta me escutar tudo o que eu digo referente a essa doença e esse vazio fazem com que você fique triste enquanto eu apenas acho curioso, então eu sou encaixado na prateleira das pessoas tristes, mas pessoas tristes querem reclamar da tristeza e do quanto aquilo as deixam triste e isso não me deixa triste, nem satisfeito eu procuro outra coisa por isso é tão difícil. Então eu passo uma semana ouvindo aqueles problemas que a gente reconhece como tão simples afinal são meras questões de sair do ponto A para o ponto B e a pessoa “kWYZ” me diz que eu sou especial, mas como ser especial e aonde ser especial, não me vejo purpura reluzente tão pouco com feições sábias muito pelo contrário eu sou só um sujeito estranho em quarto escuro esperando alguém pra conversar e depois disso conversar, não necessariamente sobre as mesmas coisas, especialmente sobre coisas diferentes, não necessariamente com vínculos eu preciso ser só e no fundo essa é uma das consequências da minha doença, desde muito cedo eu soube que nunca seria feliz, mas que passaria longas partes da minha vida satisfeito o engraçado é que não sei mais lidar com a sensação de estar satisfeito talvez porque tenha passado um longo tempo sem a sentir, como em um passe de magicas eu acredito por um segundo ou dois que finalmente possa ser curado, basta não ficar só, mas parece que os efeitos colaterais são catastróficos eu nunca me senti tão enjoado e irreconhecível em toda a minha vida os segundos de paz são tão poucos que o silencio é a melodia mais linda que eu posso recitar, eu não espero me reabilitar ou desintoxicar, não vejo esperança ou cura, continuo contando as horas, os minutos e os segundos para que chegue aquele momento em que conseguirei ficar só no silencio no escuro, onde alinho os pensamentos e busco a sonhada perfeição.

Não sei quanto tempo eu tenho a única coisa que sei é que será mais do que gostaria e preciso de ajuda para ser só escrevo-te embora não sei se vai me entender, não busco perdão, nem compreensão acho que continuo buscando aquilo que um dia me moveu a diversão.