De volta ao meu infortúnio

Passei pelo corredor, dei meus passos rápidos para evitar de olhar para qualquer um ali, e entrei como uma tsunami na sala de aula. E com quem meu olhar se choca bem nessa hora? Contigo, Gabriel. É isso que não é normal. É sempre contigo. No meio da história chata do professor sobre os samurais japoneses e suas longas espadas, é em você que eu procuro conforto. É em você que eu procuro alternativas apropriadas pra me fazer ter vontade de ficar na aula, mesmo que eu não me importe com os samurais japoneses, nem com suas espadas, nem com nada. Não me importo com nada mesmo, Gabriel. Mas com você, ah com você é diferente. Você não sabe como é bom sentir seu olhar sobre mim, fingindo estar entretido em olhar para a parede. Meu coração sente sua atenção voltada a mim, meus olhos pousam sobre você e se não o encontram, te perseguem. É como aquele hit de verão que você tenta substituir por uma música mais agradável ao seu gosto e simplesmente gruda na cabeça; você pode ouvir todos os rocks do mundo, todas as sinfonias e raps do universo, porém o hit cola em você. Você é o meu hit de verão, Gabriel. Você grudou na minha mente os seus acordes, viciou meu coração na sua melhor cifra e repetiu o seu refrão na minha alma. E eu não consigo mais esquecer a sua canção. Por pior que seja. Por mais que não haja nenhum verso de amor, de carinho, pois são coisas que você sequer se dispôs a sentir por mim. Mesmo não tendo a batida mais perfeita, mesmo não sendo a música mais constante e adorável, eu me proponho todos os dias a ouvi-la. E amá-la como eu amo você. Como eu amo seus olhos nos meus e suas mãos nas minhas, mesmo que por fileiras de mesas de distância. Amo seu toque, seu abraço, seu sorriso. E quando essa canção que é você acaba, eu insisto em recomeçá-la. Mesmo sabendo do perigo que é viciar-me nela, em ti, insisto. E isso não é normal mesmo, Gabriel.

Beatriz Bioni
Enviado por Beatriz Bioni em 08/08/2014
Código do texto: T4914889
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