Carta a Jesse
Londres, Inglaterra 08 de maio de 1943
Amado Rory,
Não sei ao certo porque estou escrevendo essa carta, nem sei se ela deveria ser escrita, mas desde o dia que li sua carta venho sido tomada por um misto de alegria, esperança e tristeza. Desde que você se foi os dias voltaram a perder a cor, e em raros dias surge um arco íris no céu para pôr um sorriso em meu rosto. Acho que começo a entender as circunstâncias que te levaram para longe de mim, apesar que você sabe o quanto sou teimosa, traço que possivelmente nossa pequena Clara terá.
Mas gostaria que soubesse disso, estou bem, na medida do esperado para quem perdeu alguém. Também gostaria que soubesse o motivo maior deu estar escrevendo tudo isso. Lembra-se daquele homem de nossos sonhos, aquele com o longo cachecol, ele apareceu em meu sonho noite passada, eu estava sentada naquele balanço que você construiu para nossa Clara na semana em que fiquei de cama.
Lembro de tudo estar cinza, e de repente a única coisa a colorir o ambiente foi o longo cachecol daquele homem, ele veio até mim, e por mais estranho que pareça me ofereceu doces em um saco, mas de certa forma meu amor eu enxerguei alegria naqueles profundos olhos. Ele se aproximou e sentou perto de mim, e tirou do bolso um pedaço de papel, um bilhete, nem precisei toca-lo para sentir seu cheiro, como se você estivesse ali, peguei e abri, e tinha apenas escrito “viva, por você, por mim e pelos dias que esquecemos”, então ele levantou-se e saiu entre o nevoeiro, lembro de ter ouvido um barulho tão familiar, mas ao mesmo instante distante de tudo que já tinha escutado
Isso me deu forças para levantar esta manhã e escrever essa carta a você. De fato é a carta mais sem sentido, e a mais apaixonada carta que poderia ser escrita no universo, mas minha única forma de falar o que sinto por ti... saudades eternamente.
De sua eterna garota sufflê's: L.