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Querida mamãe:
Melhor que escondesse o fato e não lhe rabiscasse esta missiva chata que ora lhe estou a repassar.
Faleceu, ontem, aqui na Terra, lá em Campinas, o educador, escritor e mais uma porção de coisas Rubem Alves, um gajo que era mineiro de nascimento.
Estava velhinho, aos 80, mas tão jovem ainda e sábio, quando parava para dar um parecer qualquer. Fazia gosto lê-lo ou lhe escutar uma palestra.
Dou-lhe o acontecido, em primeira mão, porque a senhora, também, na sua simplicidade de serrana inculta nas letras, foi uma baita educadora. E sem o saber que era.
Portanto, a lamentar, morreu-lhe um colega de ofício que, igualzinho à senhora, mais parecia um poeta da educação.
Quantas e quantas vezes, guri magricela e mui perguntador, eu não vi e ouvi a senhora indagando à professora Elda se este um, aqui, já estava desasnando, porque queria que eu fosse “gente”! A senhora sabe que não fui longe, mas estou aqui, meio a amigos supimpas, todos águias e esbanjando cultura. Para ser breve, vou citar só três cobrões: o Silmar, o Bordin e o Zé Poesia.
De volta à professora... Interrogada, a filha de Seu Cazuza, de riso fácil no rosto, repetia o de sempre.
– Sim, mulher. Só continua perguntadorzinho que é uma coisa! E conversador, também. Mas aos poucos o bichinho vai desasnando, sim, Beatriz.
Mesmo que a senhora, mamãe, o importante educador – falecido ontem e autor de mais de 120 obras publicadas – só queria uma nova educação para a vida e para os exercícios da liberdade. Fez de tudo em prol. Quer dizer, um romântico igualzinho à dona das bananeiras do Camará.
Estou aqui, eu e muita gente mais, nesses Brasis, por aí afora, todos jururus. Chateados à beça com o passamento do “cronista, pedagogo, poeta, filósofo, contador de histórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros infantis e até psicanalista” (in O POVO, Fortaleza, 20/07/2014, 2º Clichê, p. 2).
Olha só, mãinha, aí do infinito das Mercês de Cima, até o Padre Fábio de Melo, no Twitter, opinou sobre a saudade que o figurão nos deixa: “Partiu Rubem Alves. Ao morrer mais um dos grandes, cresce nossa orfandade”. É e é mesmo!... Órfãos de uma enorme cultura que se vai.
Ai, mommy, o seu menino é mesmo sem jeito. A professora Elda tinha razão. Continuo aquele falastrão incorrigível, por isso vou ficando por acá, como se diz lá na Argentina do baixote Maradona.
– B e n ç a, mãe! O Rubem já deve estar chegando por aí.
MISSIVA CHATA
Querida mamãe:
Melhor que escondesse o fato e não lhe rabiscasse esta missiva chata que ora lhe estou a repassar.
Faleceu, ontem, aqui na Terra, lá em Campinas, o educador, escritor e mais uma porção de coisas Rubem Alves, um gajo que era mineiro de nascimento.
Estava velhinho, aos 80, mas tão jovem ainda e sábio, quando parava para dar um parecer qualquer. Fazia gosto lê-lo ou lhe escutar uma palestra.
Dou-lhe o acontecido, em primeira mão, porque a senhora, também, na sua simplicidade de serrana inculta nas letras, foi uma baita educadora. E sem o saber que era.
Portanto, a lamentar, morreu-lhe um colega de ofício que, igualzinho à senhora, mais parecia um poeta da educação.
Quantas e quantas vezes, guri magricela e mui perguntador, eu não vi e ouvi a senhora indagando à professora Elda se este um, aqui, já estava desasnando, porque queria que eu fosse “gente”! A senhora sabe que não fui longe, mas estou aqui, meio a amigos supimpas, todos águias e esbanjando cultura. Para ser breve, vou citar só três cobrões: o Silmar, o Bordin e o Zé Poesia.
De volta à professora... Interrogada, a filha de Seu Cazuza, de riso fácil no rosto, repetia o de sempre.
– Sim, mulher. Só continua perguntadorzinho que é uma coisa! E conversador, também. Mas aos poucos o bichinho vai desasnando, sim, Beatriz.
Mesmo que a senhora, mamãe, o importante educador – falecido ontem e autor de mais de 120 obras publicadas – só queria uma nova educação para a vida e para os exercícios da liberdade. Fez de tudo em prol. Quer dizer, um romântico igualzinho à dona das bananeiras do Camará.
Estou aqui, eu e muita gente mais, nesses Brasis, por aí afora, todos jururus. Chateados à beça com o passamento do “cronista, pedagogo, poeta, filósofo, contador de histórias, ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros infantis e até psicanalista” (in O POVO, Fortaleza, 20/07/2014, 2º Clichê, p. 2).
Olha só, mãinha, aí do infinito das Mercês de Cima, até o Padre Fábio de Melo, no Twitter, opinou sobre a saudade que o figurão nos deixa: “Partiu Rubem Alves. Ao morrer mais um dos grandes, cresce nossa orfandade”. É e é mesmo!... Órfãos de uma enorme cultura que se vai.
Ai, mommy, o seu menino é mesmo sem jeito. A professora Elda tinha razão. Continuo aquele falastrão incorrigível, por isso vou ficando por acá, como se diz lá na Argentina do baixote Maradona.
– B e n ç a, mãe! O Rubem já deve estar chegando por aí.
Fort., 20/07/2014.