PARIS: A NOSSA META.
Imaruí, SC 04 de fevereiro de 2006
Madame Salzone
(Aimer c’est regarder ensemble dans la même direction)
Conhecer Paris, Madame, é batizar-se de novo com as águas de uma civilização milenar.
Mas, eu não quero falar de batismo, pois de uma maneira ou de outra já fui batizado, aliás, mal batizado, porque não pediram a minha permissão.
Em Paris, na Catedral de Notre Dame, sem o corcunda Quasímodo e no silêncio sagrado desse Templo, esse silêncio de todos os Templos e envolvidos por um clima místico e medieval, nós juraremos o nosso eterno amor.
Sem padre, sem bispo e sem escrivão, somente Deus-Pai por testemunha, ali nós sagraremos o nosso amor que também se tornará secular, assim como os mistérios daquele medieval ambiente.
Ficarás linda, ruborizada e transfigurada pelos entretons dos vitrais, obras dos “maçons”, e assim, viverás uma dança de cores em dégradé que te deixarão mais endeusada.
Depois dos juramentos mútuos de fidelidade e amor, apenas sussurrados para evitar a reverberação acústica, nos amaremos mergulhados no próprio silêncio hierofânico quando, os nossos corações se transformarão num relicário místico de amor.
Tu me dirás:
-- Je t’aime mon’amour!
E eu te direi:
-- Je t’aime d’amour!
Nesse momento, os Anjos empoleirados na nave principal, entoarão inexprimíveis tessituras celestiais, sob os acordes de harpas e flautins somente para nós.
Após os cumprimentos Angelicais, iremos a um belvedere às margens do rio Sena quando, entre arrulhos e beijos insistentes, trocaremos sussurros inefáveis de amor.
Santificados pelo doce amor, nem notaremos que logo ali em frente, estará postada encantadoramente uma florista em trajes típicos, e eu com o meu rústico e nasalado francês comprar-te-ei a flor-de-lis tão prometida.
A flor-de-lis é um ornamento heráldico da realeza francesa, e eu sei que tu não és francesa, mas para mim tu és Paris cheia de luzes, por isso, tu a mereces, pois deste dia em diante serás a minha eterna rainha.
À tarde, eu te levarei à Catedral de Chartres para apreciares a geometria sagrada do cosmo.
No interior dessa magnífica Catedral, novamente nos postaremos, respeitosamente, nos limites do labirinto e nos fixaremos no “Campo Merkabah”, ali seremos submetidos à irradiação dos fluidos magnéticos do inexpugnável macrocosmo.
Santo Deus, como hei de te amar nesses dias!
Senhora Minha e Muito Amada, isso é um sonho que pretendo realizar, um dia, devidamente acompanhado pelos teus olhos banhados em mel cândidos e cativos.
Affectueusement Monsieur Eráclito.