Carta a uma Amiga
Nós somos muito bons para escolher aos demais. Sempre sabemos o que é melhor para outros, porem, quando as escolhas são para nossa vida, tudo se faz mais difícil.
Antigamente o destino das pessoas era seguir o caminho dos pais, ficar preso à educação ou à falta dela, aos valores e aos limites da visão de mundo que nos era transmitido.
Se damos uma olhada ao passado, veremos que todos aqueles que conseguiram ultrapassar as barreiras sociais, culturais ou morais das suas origens fizeram história, marcaram suas épocas.
Nos dias atuais as ferramentas para você optar por escolhas diferentes daquelas que seus pais fizeram estão aí: autoconhecimento, estudo, viagens, livros, internet...
Muitas vezes, é fácil adivinhar as pequenas decisões que uma pessoa fez na vida só de olhar pra ela. Está tudo lá, estampado em uma cara cansada ou animada, no corpo acima do peso ou em forma, nas marcas da pele.
Você logo percebe decisões como fumar ou não, se cuidar ou não, viver pra trabalhar ou trabalhar pra viver.
O grande problema da escolha é quando reconhecemos sua importância para o nosso destino. E assim ela passa a ter um peso enorme na nossa vida, e aí empacamos na decisão.
Entendo que se estamos diante de um impasse é por que há coisas boas e não tão boas nas duas escolhas. Aliás, permita-me dizer, em tudo nesta vida é assim.
Optar por uma delas é não só ficar com seu lado negativo, mas também perder o lado positivo da outra opção.
Quem escolhe a torta de maçã de sobremesa fica sem provar a mousse de chocolate. Pra não se privar do sabor de nenhuma delas, tem gente que fica olhando o cardápio por longos minutos, protelando o quanto pode a decisão. Todos conhecemos alguém assim.
Postergar decisões nada mais é que adiar perdas. Quem não quer perder nada fica preso à indecisão.
Creio que saber escolher não é somente saber ganhar, senão que também saber perder.
Nossa vida é feita de escolhas: Ficar solteiro ou casar? Separar-se e enfrentar o medo da solidão ou continuar em uma relação infeliz? Abrir uma empresa ou ir morar nos EUA? Engenharia ou Radialista? Sua cidade ou Nova York? Amor ou prazer?
Nossas escolhas só começam a ficar mais fáceis quando nos conhecemos mais a fundo.
Quando descobrimos coisas que só chegam com a maturidade.
Depois de muito trabalho pesado no escritório do autoconhecimento.
Só quem se conhece de verdade consegue identificar as perdas que pode suportar ou aquelas com as quais seria impossível viver.
Por isso a importância de ler, intercambiar idéias, conhecer pessoas, lugares, cultivar amizades, libertar-se dos preconceitos.
Creio que mudar de escolhas também pode ser um sinal de amadurecimento.
A profissão que escolhi com 18 anos pode não ser a que me traz realização. Poderei mudar com 30?
Onde está escrito que não? Se eu jogo tudo pro alto e vou morar no exterior, o que me impede de voltar daqui a alguns anos, cheio de experiências, construir uma casa na minha cidade e nunca mais sair de lá?
Querida, creio que nossa evolução está em ir além dos limites que nos formaram. Família, escola, educação são fundamentais como alicerce.
Já as paredes, os acabamentos, o telhado e, principalmente, a direção das janelas são nossas escolhas.
E termino citando o que já conhecemos: "não escolher, é uma escolha."
Agora é voce...beijo.