ONDE ESTÁS GUIMARÃES

Lisboa, 7 de Julho de 2014

«Missiva ao meu amigo Alberto Bastos, acerca de um trabalho poético sobre as “Senhoras do Monte”»

Caro amigo Alberto, considerando a sua opinião, presumo que devidamente justificada, estranhei um pouco mas aceito as suas opiniões, porque as respeito.

Todavia quero dizer-lhe que para mim - e para muitos familiares e amigos meus que vivem aí na Cidade, onde eu estudei desde criança - Guimarães só tem realmente o seu pleno sentido num contexto amplo de Concelho. Pois nele existem autênticos tesouros da nossa Portugalidade, os quais dão força e dimensão à lídima urbe vimaranense. Acredito que não concorde comigo… todavia é esta a minha filosofia e experiência cultural.

Ademais, reparei que hoje postou um trabalho seu de excelente qualidade sobre São Torcato e as suas festas, que foram encerradas ontem. Desde já os meus parabéns. Estou ao corrente e, eu próprio, na minha adolescência cheguei a participar nessas ilustres festas. Por outro lado e por coincidência, fiz ontem mais um dos meus trabalhos poéticos – que ainda não postei na sua/nossa (?) página - sobre este digníssimo templo… mas devido a essa sua “interdição”, creio que provavelmente mo reprovará (?).

Relativamente aos argumentos que estiveram na base do seu “corte” – o qual mais uma vez lhe digo que não levo a mal – considero que, das duas uma, ou é pela distância das «Senhoras do Monte» relativamente à Cidade (é um pouco mais perto que São Torcato, que Briteiros, que Serzedelo ou Pevidém, que Azurém, que as Taipas, tão perto como Nespereira, onde se situa o solar de Cezim (a meio quilómetro da minha casa de família e a mil metros do alto das “Senhoras do Monte”), só para citar algumas referências da mesma página, e que merecem esse destaque, com certeza…) ou então, pensei para os meus botões (lembrando-me de um lamento antigo do poeta vimaranense Barroso da Fonte, desabafando que “em Guimarães não se gosta de Poesia”). Eu, não concordando com ele, suspeito, todavia, que esta sua tão nobre Página secundariza, nas suas postagens, o papel estimulante da Poesia? (*) …

Quanto à primeira consideração, creio que ela é insignificante pelo seu relativismo conceptual. Aliás cinco quilómetros das “Senhoras do Monte” até à cidade, não é tão longe como isso, já que na actualidade, segundo me consta, muitos vimaranenses chegam a fazer caminhadas frequentes até àquela instância.

No que concerne à segunda, ó meu estimado amigo, se ela tiver consistência então, pronto, fica sem efeito o contributo poético que eu estava convencido ser interessante e enriquecedor para esta Página colectiva. Se é esse o seu desiderato, não se incomode, com toda a sinceridade poderá ficar por aqui o meu contributo… Diga-me, apenas, oportunamente o que pensa de tudo isto para eu ficar, como é óbvio, descansado, ok?

Sem mais outro assunto por agora, quero que saiba que o reconhecerei sempre como um amigo e, se achar por bem, quando eu passar por Guimarães poderemos trocar outras opiniões a respeito.

Com um cordial abraço sou ao seu dispor o poetAmigo

Frassino Machado / Francisco de Assis M. Cunha

(*) - Acerca da Poesia, escreveu há poucos anos o citado poeta: «Os poetas (“Poetas: as maiores vítimas”), como aliás são, em regra, todas as peças saídas da sua criatividade, produtos da sua imensa força moral».

Pela própria experiência, tenho a convicção de que ele lá terá as suas razões.

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 07/07/2014
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