Carta ao Homem Qualquer
Sua chegada já era esperada antes mesmo de iniciar sua jornada.
Seu canto ja estava disposto como também suas promessas.
Já tinha amigos e amores. Tinha seu nome e alguns valores.
Não era necessário mas não importava. Era algo a mais.
Um adorno, um brinquedo, um deleite. E como muitos nasceu pela mesma dor. Um pouco mais suportável e preenchida de amor.
Ao seu redor tudo provinha de um antes. Um estar anterior obscuro e misterioso que achava ser o único a desconhecer e que em seu presente tampouco poderia perceber. Sentia-se capaz de aprender mas ainda estava longe de compreender. Não era hora pra isso. Isso ele sabia.
Seu compromisso era alegre e tinha leveza. Seus medos ainda infantes. Seus olhares desejosos e sua vontade era fugaz.
Ouvia o mundo no rastro de sua correria, mas ainda o temia cegamente. Se necessário fugia. Posteriormente mentiria, como já o fazia.
Até então nao imaginava o absurdo em seu interior.
Nada em si era desconhecido. Vivia a pura clareza da liberdade. E quando pôde afirma-la pra si fez emergir a simples dúvida do contrario e intrigou-se consigo mesmo, simplesmente por poder assim fazer.
Ao imaginar os diversos lugares que teria seu ser, sem preparo, espirrou uma citação de seu tempo: ''Quem sou eu?’’ Acompanhado de um prazer que fez seu corpo estremecer.
Sentiu o momento oportuno para tal pergunta. Repetiu sua dúvida inúmeras vezes mesmo seguro da resposta, pois parecia saber se tratar de uma certa brincadeira.
Continuou Repetindo até que a angustia alcançasse sua vaidade e sua beleza mostrasse, não pra você. Pois sabe que em sua solidão, essa vaidade é a própria angústia . Sem propósito, sem lucro, sem direção. Bastou suspirar um pouco mais.