Morre a alma e o sonho.
Morre lentamente quem da alma faz monturo de decepções e lamentos, quem empresta a alma dor e ressentimentos, morre lentamente por não possuir nada além de amarguras e pranto. Morre amargurado e só, lentamente quem faz da vida palco de mentira, e dos sonhos, planos e projetos esquecidos. Morre, tristemente morre aos poucos.
E nessa morte anunciada arrasta às sombras de velas apagadas e esquecidas, sonhos, os sonhos da infância sonhados entre insones madrugadas gélidas e o medo, companheiro taciturno de sofrimentos funestos. Morre a alma atrelada aos desejos incontidos, presa à covardia e receio, à desconfiança do novo que surge nas alvas horas em que a coragem desponta, silenciosa e muda entre a lágrima e o silencio.
Morre a alma não quando o corpo se inercia, antes quando desfaz-se o desejo, e o sonho.