INDIGNADA COM A SOLIDARIEDADE PASSIVA

Minha indignação vem exatamente ao ouvir numa rádio, hoje de manha cedo, o radialista entrevistando uma seguradora de condomínios, que orientava a população a não reagir diante da abordagem de assaltantes. E o discurso é sempre o mesmo - a vitima não deve reagir, deve ficar imóvel, e caso vá fazer algum movimento deve pedir licença ou autorização para os bandidos.

Fala sério!

Como assim, pedir licença ao bandido?

Como assim?

Pedir licença aoossss bandidosss?????

Será que eu ouvi bem???

Pedir licença, caso vá fazer algum movimento?????

Outro dia ouvi de um policial outro absurdo. O mesmo me disse que, se alguém reagir a um assalto e por acaso matar o bandido, vai se incomodar com a justiça, vai preso. Eu prontamente disse que isso é conversa para boi dormir – falei que, no Brasil, a justiça é tão branda quem nem bandido puxa cadeia o tanto que merece, - no máximo seis meses - e que, se alguém, reagir um assalto e ter a sorte de sair vivo, e ainda poder matar o ladrão, com certeza vai responder de forma mais amena que o ladrão. Pois, supõe-se, que a vítima tenha endereço e profissão comprovada, e ainda matou em legítima defesa, e é ré primária. E diante da justiça dos homens ela estará sim respondendo um processo criminal. Mas, com certeza, estará respaldada pela justiça, pois no Brasil, até bandido tem regalias. E o julgamento maior será diante de Deus pela vítima ter em seu histórico de vida, ter tirado a vida de alguém. E sendo assim que Deus nos proteja.

Não quero induzir a população a sair por ai matando, para se defender. Mas, tenho certeza que numa situação dessas, cada um vai agir de acordo com seus instintos, com seu momento, suas impulsividades e seus mecanismos de defesa. E se puder medir causas e conseqüências e se sentir-se autorizado a reagir, deve reagir sim, e não se acovardar caso seja possível.

Vejo nesses discursos - de que a população não deva reagir -, mais, uma força para os bandidos que vão justificar atirar por que a vítima reagiu, do que a preocupação com a segurança da população.

Ë inadmissível essa SOLIDARIEDADE PASSIVA dos órgãos ou instituições ou empresas que são pagas para manter a segurança social e o bem estar coletivo. É inaceitável essa lavagem cerebral, acorvardando a população e dando voz ativa ao crime como algo possível, e não como algo inadmissível.

Fica por trás nas entrelinhas dessa fala, dessa lavagem cerebral a marca registrada da impunidade. Um fortalecimento do crime e em contra partida o enfraquecimento da segurança social, numa inversão de valores desmedida.

Tenho plena certeza que, numa abordagem entre bandido e vitima, a vida da vitima fica diante de uma roleta russa. Mas, não dá para deixar nas entrelinhas a idéia de que o crime compensa, por que a vítima é condicionada a não reagir.

A vida do criminoso também deveria ficar a mercê de uma serie de situações, aonde a população por sua vez deveria estar muito mais amparada do que desamparada.

Penso que a grande diferença entre o sujeito de bem e o ladrão, não importa em qual instância, está mais relacionada a uma identidade psíquica comprometida, que se ilude que, ao roubar, usurpar, apropriar-se do bem alheio, passa a ser proprietário do que nunca foi dele; do que exatamente por questões das diferenças sociais. Principalmente numa nação aonde temos escolas públicas, hospitais públicos, as quatro estações bem definidas, bolsa família, até seguro desemprego, etc, etc, etc. O sujeito tem que ser muito descompensado psiquicamente, para achar que o crime é o melhor caminho.

Para esses que vivem a margem da sociedade, tirando o sossego dos outros deveriam estar numa prisão bem distante da população, em alto mar, uma vez que nossa costa marítima é bastante extensa.

Sendo assim deixo aqui minha indignação para essa inversão de valores, diante da solidariedade passiva e para com o discurso cômodo de quem deveria estar preparado para amparar, escoltar e combater o crime.

Albertina Chraim -

Significado de Indignação s.f. Ação ou efeito de indignar ou indignar-se.Sentimento de desprezo experienciado e/ou provocado diante de uma circunstância que demonstra indignidade, injustiça; revolta. P.ext. Excesso de ódio; raiva: a indignação provocada pela corrupção. (Etm. indignar + ção) Antônimos de Indignação

benevolência, calma, serenidade e sossego