Ao cavaleiro desarmado
Hoje acordei cedo, você bem sabe o sacrifício que isso é.
Mas lembrei antes de abrir os olhos, graças aos sons da manhã que a tormenta caía e a Pauliceia novamente acordava sob o levante dos justos.. resolvi ficar onde estava e acabei por acidente me pondo a pensar...
Fiquei sabendo por sua própria ( e adoravelmente grave) voz que com você o dia se passava em tons mais secos e pesados, queria interferir, pegar o meu bodoque e mostrar ao mundo que nada poderá atingir a que alimento o mais puro afeto, mas como?
O terror da impotência me invade...
Olho de novo pela minha varanda... me vem o frio e os respingos da chuva na pele do rosto, lembro de fazer um chá, lembro do chá que você me fez, e penso como gostaria de fazer o mesmo, agora, já...
As arvores parecem entender minha vontade e fazem o que não posso, gritam, agitam e estiram seus galhos com o vendaval, quase como se pudessem abraçar uma a outra...
Hoje, ainda hoje, vou a labuta, sem me esquece da sua, e das flores de maio que lhe quis levar mas não pude, mas não se demore em sua tristeza... mais tardar estarei ao teu lado, e assim como as arvores vou estirar meus galhos em sua volta, até o mundo que tanto lhe ofende deixar de existir...