As palavras que eu nunca lhe disse

Eu usei uma infinidade de palavras e contextos diferentes para lhe dizer algo pequeno, mas com um enorme significado: desculpe - me! Não, não era isso. Na verdade você merece ouvir um: perdoe - me! Perdoe - me quando meu ego e instinto raivosos foram cruéis ao descontar em seu quebradiço e enfermo coração, as palavras que guardei durante quase duas décadas em meu ser: Eu te amo! Sei que não é necessário usar letra maiúscula depois de dois pontos, mas o Eu falou mais alto. Ele gritou, urrou, esperneou. Esperneou feito criança mimada. Aquela criança mimada que você costumava acariciar com os dedos sujos em carne viva, quase morta. Aquela criança que você costumava chamar de minha. Aquela criança que chorava ao estar em perigo, mas parava quase que instantaneamente ao descobrir que seu "herói" não estava ali para protege - la. Nunca esteve. Na verdade, ela nunca precisou. Perdoe - me pelas incontáveis vezes em que minha necessidade de amor, carinho e atenção falaram mais alto. Gritaram aos quatro ventos o seu nome, gritavam tão ruidosamente que quase rasgavam as janelas que me impediam de te ver. Aquelas janelas entre seu instrumento que dilacerava sua pele e ao outro que fazia sua voz arranhar e quase me machucar. Ela até machucava, mas você não precisa saber. Perdoe - me pelas noites em claro chorando de uma saudade que só eu parecia sentir. Perdoe - me pela minha carência que tinha o seu nome desenhado em uma tatuagem de rena que o coração e o tempo estão fazendo questão de arrancar. Sorte a deles. Sorte a minha. Azar o seu. Eu já lhe disse o quanto lamento e o quanto sinto que a culpa foi minha, inteiramente minha. Mas parte disso é mentira. Eu lamento, sim. Mas, perdoei - me. Mesmo que você ache que eu não seja digna de pena, eu sou. Sou digna da minha pena, do meu perdão. Só meus. Seu rosto virou sinônimo de ódio, leia - se falta de amor. Seus acessórios arrancados com veemência de suas vísceras, fizeram - me o esquecer mais do que depressa. Pelo menos meu coração assim quer que seja. Sua face engraçada abriu espaço para algo com ódio do coração que, durante suas duas também décadas, foram carregados. Nunca foi você. Foi outra pessoa. E eu, infelizmente, demorei a perceber. Mesmo que tenha diminuído pouco mais de seis anos de sua mente inconsequente, imatura, impulsiva e agressiva, não deixa de ser quem é. Nunca deixou. Só nos nossos primeiros meses. Sim, nossos. Eu sei que amei sozinha. Mas, um pedaço da paixão foi seu. Você passou a ser de um cargo no qual eu nunca ocupei, nunca ocuparei. Segue - se assim. As mãos, com sorte, desentrelaçaram - se. Os nossos seis, quase sete, foram o meu número de uma sorte embebida no azar. Embebida de um forte trago e tragada de uma forte fumaça que eu, junto a você, segurei em meus dedos. As duas fumaças mais cômicas, icônicas e terríveis. Agora, os seus seis são números de uma sorte que eu já nem sei o que quer dizer. Agora é assim, sem aquela melosa sensação de despedida de dois jovens. Um ultimo beijo antes da porta de uma separação abrir. Era na frente daquele bar que eu insistia que ficássemos esperando. Agora chega.

Termino aqui, uma carta da qual você nunca lerá. Nunca se importarám porque nunca de verdade se importar. Namorar foi apenas um status. Os nossos sentimentos que começaram em seu canto de prazer, ali terminaram. Um rápido adeus e um até nunca mais...

Não, não são reticencias. Agora são pontos finais. Sem outro parágrafo, sem ponto e vírgula, sem colchetes, aspas ou parenteses. Nossas histórias já terminaram. E essa termina aqui.

Agora sim, eu boto um ponto final.

Priscila Czysz
Enviado por Priscila Czysz em 05/06/2014
Reeditado em 05/06/2014
Código do texto: T4833854
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.