Mudança na Educação

Carta enviada para o Ministério da Educação em 10-05-2007

Exmo. Ministro Fernando Haddad!

Para nós aqui atrás do teclado, é fácil divagar sobre as dezenas de possíveis soluções para se criar um processo de educação contínua e de qualidade. Não sabemos quais dificuldades (mesmo tendo a mídia disponível, vocês também não as divulgam) impedem o início desta cruzada nacional.

Na minha relaxada posição de Professor de Matemática e Analista de Computador, creio que à sua volta estão reunidos os mais competentes técnicos para planificar as ações necessárias para deslanchar este processo. Talvez as soluções esbarrem em vontade política (o desejo de manter o povo na escuridão para a perpetuação do poder pelas elites dominantes que usam dirigentes como fantoches) ou falta de recursos financeiros (fácil de resolver, como veremos a seguir). Ou até mesmo falta de criatividade de seus assessores. Serão do mesmo nível dos “aspones” que servem nossos legisladores e executivos em todas as esferas de governo?

Os atuais programas pontuais gerenciados por seu Ministério não estão sendo suficientes para erguer o nível de conhecimento que nossa imensa nação necessita. Muitos são desconhecidos, outros são inatingíveis a candidatos esperançosos mas sem chances de participar dos mesmos.

Se precisar, conte com o apoio do povo para obter sugestões no sentido criar este processo (isolado ou acoplado a algum pertinente) que certamente deixará seu nome na história. Realize um concurso nacional (qualquer R$ 100.000,00 de prêmio vai atrair maravilhosas mentes) para receber tais idéias. Temos certeza que, Independente das diferenças culturais das nossas regiões, em qualquer parte do país:

a) a 1ª. palavra que uma criança pronuncia é : mamãe (salvo raras exceções);

b) A + M + O + R = AMOR (o que ainda preserva alguns dedicados professores);

c) 1 + 1 = 2 (exceto quando há desvio de verbas).

Antecipando-me a este possível concurso e sem saber se estarei atendendo às especificações para participar, envio aqui minha idéia básica a ser aperfeiçoada por quem vive o cotidiano do ambiente. Creio que o “pulo do gato” é gerar o mecanismo que faça com que a população exerça pressão e fiscalização em cada Secretaria Municipal de Educação.

Criar um ENEM para o ensino fundamental (1ª. à 4ª), outro para (5ª à 8ª) e um para o nível médio.

Aplicá-lo em cada município do país anualmente (janeiro).

Os 10 melhores alunos de cada município recebem ajuda (proporcional à sua colocação no exame) em roupas, calçados, material escolar, lanche, material de esporte e até cesta básica para a família ao longo do ano. Ele pode voltar a participar do exame no ano seguinte. A família, beneficiada pelo desempenho do filho, certamente cuidará para que ele estude em busca destes benefícios. As outras, mais ainda. A escola do primeiro colocado também terá algum prêmio material (não dinheiro).

Vamos parar de “aprovar” alunos com média abaixo de 3 (no Rio a média é ZERO) e que logo serão massacrados e relegados a um terceiro plano quando chegarem ao selvagem e exigente mercado de trabalho!

E a fonte de custeio?

Se existir incentivos fiscais, empresas e milionários terão interesse em colaborar em tal projeto, com o objetivo de reduzir as legiões de ignorantes que atravessam a linha da moralidade e se transformam em marginais revoltados que ameaçam a estabilidade social (nossas vidas) e os bons negócios (empresas estão fechando).

Outra fonte: reduzir 10% dos gastos com as câmaras públicas e palácios de governantes que alimentam mordomias imerecidas de elementos que quase nada produzem de palpável a favor da sociedade.

Parece utópico? Dentro do cenário atual de desprezo pelos valores morais e familiares que estamos vendo atualmente, sim. Mas o senhor tem medo deste desafio? Deixe de lado a vaidade e as diferenças ideológicas. Convide grandes nomes da área mesmo de outros partidos políticos para levantar esta bandeira que o consagrará. Reflita que isto será bom inclusive para seus netos. Não pense que eles ficarão eternamente imunes às agressões que estão se multiplicando dentro de nosso cenário de pobreza.

Quando o cinturão de miséria atingir mais de 70% do povo esfomeado e despreparado, não existirão tanques (seus condutores são jovens que fazem parte destas famílias abandonadas) suficientes para detê-los na marcha contra os mais abastados. Inclusive estas armas poderão mudar de lado e alimentar a desordem.

Contra as armas de fogo que nos angustiam diariamente, use com coragem e sabedoria, a mais poderosa arma que está em suas mãos: a caneta. Não esqueça que qualquer que seja a idéia aprovada para este programa de contaminação de educação, a remuneração do Professor tem de se tornar DECENTE, pois não é justo que os alicerces deste projeto recebam menos que entregadores de pizza.

Acreditamos que sua intenção é elevar a qualidade de ensino que em breve possa efetivamente proporcionar a real independência de nossa pátria e nosso crescimento para negociarmos de cabeça erguida com outras nações.

Ou seu caderno de encargos estipula outra missão?

Boa sorte para nossa pátria. Que à noite possamos chegar vivos em casa e rever a família.

Haroldo P. Barboza – RJ/RJ – Matemático e Recreador educativo.

Autor do livro: Brinque e cresça feliz.