Poema ilusório
“É que aqui tem um riacho manso, onde descansa os pensamentos sobre á água rasa. Os elementos fogem de mim assim, pois tenho em mim todos os sonhos do mundo. E eu irei te contar um sonho; Eu sentia o coração bater, palpitar e ir além-do-além, como se navegasse nos confins da terra. Encontrando uma alma perdida, nua pronta a um corpo com gosto de jade. A alvura de seu ombro parecia emergir a luz que escondia-se sobre as sombras... Assim eu caminhava ao lado dela, beira-mar, pés descalços, mãos dadas a realidade que despertava-se no horizonte estrelado. Era como amar-te sem o receio do toque, sentir-te como perfume das flores do mais belo jardim deixado para quem o merece. Tecendo poemas sobre um corpo desnudo, vadio se fazia o tempo que pairava sobre nós para todo sempre, o momento, o segundo, este tempo. Pintando o céu, como se pintasse á minha roupa, a que despi o desejo de tocá-la como a mais bela rosa do campo vasto na primavera. Mas é noite, e aqui onde te busco, tudo tenho. É mais do que caminhar sobre profundo mar, onde se quebra os limites para quem sabe amar, e deseja encontrar. É que quando bate o coração, os confins da terra sopram nossos ventos e nos levam para lá, onde nossos sonhos se realizam. Um pedaço de céu exposto em seu sorriso mais malicioso. Tu sabes que mesmo noite e profunda, o dia se achega e trás os mais desejados despertares. Só que eu ainda caminho sobre seu corpo, dedilhando-te como notas musicais de cleros invisíveis. Que nos traziam o momento, o “para sempre”, que neste segundo não acaba para nós. A lua despertava os seres que nos tornaram dádivas intocáveis, sobre montes de moinhos de vento. Assim ele sonhava com ela;
Beijando seu amor, numa pilha de seda em cor de vinho. Corpos desejosos faziam amor em uma noite sem fim. Tinha a respiração doce, em sua língua ao corpo nu. Era um ápice de prazer, gentilmente beijava seu ombro e lambia, este tinha sabor de pêssego.