Uma mera manhã cinza
Veja que belo dia! Por acaso sabes qual o motivo para uma manhã tão cinza? Já não sei se a resposta que vem é de ti ou um eco das minhas cordas vocais. Há muito percebo que não há escopo nessa trilha. Todavia tal sentimento me consola e suaviza o pesar que levo calado nos ombros. Ouviste mentiras, assim como eu. Nem todo poema expira poesia e por escárnio a vida escolheu assim, amigo. Percebeste que não basta uma aquarela para pintar um sorriso, contudo as intempéries já te ensinaram a equilibrar as cores. Meu conselho? Apenas continue a andar e sentir o vento - sabes o que digo, és meu sangue também. Tua paixão pelo excêntrico torna ordinário o redor. Concordo que não se pode mentir que os caminhos são tortuosos e danificados pelo tempo, porém cada um carrega consigo paisagens diferentes, meu caro, e foram elas que os moldaram e as responsáveis pela perseverança na caminhada. Escolha-as com cautela, pois as quimeras são doces, profundas, mas funestas.