Chegando o Dia das Mães
Sentimento confuso.
Não sei se vibro ou choro. Está chegando o Dia das Mães. O dia que sempre tocou o meu coração e que, por quase toda a minha vida, tive o prazer de acordar e dar um beijo muito carinhoso na minha mãe, aproveitando prá falar: “mãe, a senhora é a melhor mãe do mundo”. Hoje ela não está mais comigo.
Eu sabia que este dia chegaria, mas ainda estou envolvida na preparação para passar o próximo domingo em paz, sentindo a saudade como algo bom, especialmente por tê-la curtido tanto e dispensado o que podia para vê-la feliz.
Posso vibrar porque tive uma mãe ímpar. Na sua condição física de mulher frágil, escondia um leão dentro de sí e, com tal, lutou por muitos anos para ver as filhas bem em todos os sentidos.
Foi mãe de carinho, de colo e fogão.
Foi mão forte prá segurar as nossas mãos em todos os momentos difíceis.
Mestra em contracenar com o mundo com alegria, mesmo quando seus olhos demonstravam tristeza.
Foi pura doação! Desconheço outra pessoa que tenha carregado consigo tamanha vontade de auxiliar, de se fazer presente, de dizer: “amanhã será outro dia” (sua frase predileta).
Posso chorar porque ela não está mais conosco, porque quedou-se, jogou a toalha no chão e não conseguiu nocautear o pior momento da sua vida. Mas tentou, sou prova disso. E é por isso que a amo a cada dia mais.
Nossa afinidade me faz uma falta que dói.
Dói sentir que o seu dia está chegando e ela não estará fisicamente comigo.
Dói desconhecer tantas coisas ...
Dói o peito porque ele não explode em soluços, porque tenho consciência de que a vida é uma passagem e, mesmo assim, a dor continua.
Por ela tive que ser forte, muitas vezes mais forte do que podia e hoje me sinto frágil sem a sua presença. A sua presença física era prá mim um alvo que precisava ser acertado – e acertei, acertei, até que errei. Errei, inclusive, na previsão da sua partida. Apesar da sua fragilidade eu, trôpega e ziguezagueando, surpreendí-me com tudo. Encarei porque não tinha outra forma, mas sofrí, sofro e temo continuar sofrendo, mesmo sentindo que ela está melhor do que estava.
Por essas e por outras eu lhe peço mãe: nos ajude (eu e a minha irmã) a passar por essa fase com serenidade, com coração brando e a certeza de que retribuímos o que a senhora nos deu. Nos ajude a entender o mistério da vida.
Eu sei o quanto estarmos bem lhe fazia bem!
Neste momento, às 22h33min seguro na mão de Deus e peço que interceda por nós, porque a sua mão ele já deve estar segurando.
A sua família? “Restamos” e garanto que faremos absolutamente tudo para honrar o que a senhora mais desejava: paz, entendimento e amor – e mesa!
Quem sabe agora, nesse lugar que eu imagino seja muito bom, a senhora não enxergue o que sempre quis enxergar?
Quem sabe!
Meu beijo carinhoso e minha alma já mais tranquila pelo desabafo ...
Prometo viver o próximo domingo em paz ... e beijar-lhe em pensamento e dizer o de sempre, mudando somente o tempo do verbo: “a senhora foi a melhor mãe do mundo”.
06/05/2014