Bilhetes como este

Ando por aí escrevendo bilhetes como este. Bilhetes que você não vai ler, bilhetes que você não vai ver, bilhetes que nem você e nem ninguém vai perceber ou saber que foram escritos. E minha saudade oculta fica aqui no canto esquerdo do peito e daqui ela só sai pra os tais bilhetes. É um roteiro monótono: do papel pro peito, do peito pro papel. Roteiro cruel. Saudade cruel. Desejo cruel de querer e não poder gritar meu segredo. Ando por aí escrevendo bilhetes e você anda por aí tentando adivinhar, quando passa e me vê na lanchonete da esquina, sempre com papel e caneta na mão. Nunca saberá. Nunca lerá. Nunca.

Daniel Matos
Enviado por Daniel Matos em 05/05/2014
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