Cartas V
E o amor dos céus finalmente deu o ar da sua graça,
Fora a lanterna dos meus caminhos escuros,
Deu-me a oportunidade de enxergar com os olhos da alma.
E devo lhe contar que evolui muito!
Noites e dias, passei na cegueira interna violenta!
Dias de feridas que nunca saravam, noites de guerras sangrentas.
Eu pude ultrapassar o que era apenas visível aos olhos da carne.
Sentia meu corpo e minha alma torcidas ao máximo.
E consegui descobri minha alma prisioneira, sentindo-a.
Deixei escapar tudo o que estava preso e acorrentado.
Havia sonhos com a teia do esquecimento que reapareceram,
Dos quais eu não havia me empenhado em realizar
Por isso tranquei-me no quarto da verdade
Pois só naquele recinto é que eu conseguiria me encontrar.
Havia os trancado de tal forma que esqueci onde estavam.
Agradeço às luzes que me serviram de consolo,
Pelas vezes que chorei, sabendo não ter ninguém por perto.
Esfreguei-me de desespero no assoalho do chão acinzentando
Enquanto era a única matéria que segurava as minhas lágrimas.
Meu coração era chão e teto, por vezes paredes,
Onde eu me direcionava e refletia paulatinamente,
Como quem tem que pensar e tem que olhar para algum lugar.
Por ele fui guiado pelo sofrimento, tive de ter resignação, era a única saída para o alívio, desentupir o acúmulo de ilusões.
E desfrutei de tudo o que me era direito. Tudo o que consegui.
Havia sensações, sentimentos e emoções adormecidas
Que foram sendo despertadas aos poucos, me receberam de perto.
Desfrutei de cada centímetro com gratidão, e minha alma foi expurgando.
Sei que foi resultado do meu esforço fortificado, aceitado.
Sei que já sai da escuridão, que consegui me ver o que não via antes.
Todavia, os passos ainda estão seguindo pela estrada da luta,
E na reforma íntima o que esclarece e dói, traz uma consciência tranquila.
Tenho minha fé e ela que me move, até que um dia eu tenha merecimentos para chegar ao Reino dos Céus.
E.C.V