tela: Magritte
              
                   CARTA DE UM MAESTRO  
                 
                       

                                   
             "...primeiramente, o  que conhecemos em Música como acorde perfeito é para nós a imagem dessa Unidade primeira que tudo encerra e da qual tudo provém, no fato de que esse acorde é único, totalmente contido em si mesmo, sem ter necessidade da ajuda de qualquer outro som além dos seus próprios; em suma, no fato de que ele é inalterável em seu valor intrínseco, como a Unidade; pois para uma alteração basta a transposição de alguns de seus sons, do que resultam acordes de diferentes denominações, contanto que essa transposição não introduza nenhum novo som no acorde e, para tanto, não possa mudar sua verdadeira Essência. Segundo, esse acorde perfeito é o mais harmonioso de todos, o único que agrada o ouvido do homem e nada deixa a desejar. Os três primeiros sons que o compõem são separados por dois intervalos de terça que são distintos mas ligados entre si. É a repetição de tudo que se passa nas coisas sensoriais, onde nenhum Ser corporal pode receber nem conservar a existencia sem o concurso e apoio de outro Ser corporal como ele, que reanima suas forças e o mantém...
    ....Enfim, essas duas terças se encontram dominadas por um intervalo de quarta, cujo som terminal se denomina Oitava. Embora essa oitava seja apenas a repetição do som fundamental, não obstante é ela que designa completamente o acorde perfeito, pois ela lhe é essencialmente afeta pelo fato de estar compreendida nos sons primitivos que o corpo sonoro emite acima do seu próprio som.Assim, esse intervalo quaternário também é o agente princiapal do acorde; ele está colocado acima dois dois intervalos ternários, para presidi-los e dirigir toda a ação, como essa Causa ativa e inteligente que vimos dominar e presidir a dupla Lei de todos os Seres corporificados. Tal como a causa, esse intervalo quaternário não pode sofrer qualquer mistura e quando age sozinho, como essa Causa universal do tempo, é seguro que todos os seus resultados são regulares...."
(1) 

Saint Martin, Louis Claude, Dos Erros e da Verdade, Amorc,  pp.286,1984