carta a Adélia Prado

Uma vez vi uma das coisas mais lindas que a Poesia poderia: Drummond jogando suas as palavras ao Vento de um Jornal na esperança de que achassem Cora Coralina no Coração de Goiás, Poeta Doceira de invejável temperamento. Hoje vi coisa similar e ao contrário, Adélia escrevendo ao conterrâneo de Itabira numa inveja que escraviza, a de não viver de sua arte. Nem sei do que Adélia vive, mas gostaria apenas que Ela me lesse. Afinal, cada qual no seu quadrado e Adélia é de bom grado

À minha Madrinha de Crisma na Poesia

Descobrir que tenho uma inveja

Sou afilhado de Adélia Prado e Ela nem sabe

No fundo uma Poesia é escrita pra que não se acabe...

Mas Adélia, insegura, sofre de problema de estrutura

Sou assim

E quisera não ser para não me arrepender do que poderia

Ser

Isto é bem Zeca Baleiro lembrado na voz de Rita Ribeiro

que perdeu a patente

Fiquei descontente

Sou um crente na Boa Fé do Artista

Mas sofro de inveja,

A mesma que Adélia sentiu de Drummond

O reconhecido Poeta que virou seu fã

Que sou também de Gente da gente:

de Josias Sobrinho, Ana, Cacau de Aquino, Almir, Rita

Alcione e Bita

Sinto a sensação de artista

Vi os de Honduras com sua real e triste caricatura

Descobri que sofro de inveja

E é de Adélia

Que bem poderia me declarar Poeta.

Paulo Furtado
Enviado por Paulo Furtado em 17/03/2014
Reeditado em 17/03/2014
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