carta a Adélia Prado
Uma vez vi uma das coisas mais lindas que a Poesia poderia: Drummond jogando suas as palavras ao Vento de um Jornal na esperança de que achassem Cora Coralina no Coração de Goiás, Poeta Doceira de invejável temperamento. Hoje vi coisa similar e ao contrário, Adélia escrevendo ao conterrâneo de Itabira numa inveja que escraviza, a de não viver de sua arte. Nem sei do que Adélia vive, mas gostaria apenas que Ela me lesse. Afinal, cada qual no seu quadrado e Adélia é de bom grado
À minha Madrinha de Crisma na Poesia
Descobrir que tenho uma inveja
Sou afilhado de Adélia Prado e Ela nem sabe
No fundo uma Poesia é escrita pra que não se acabe...
Mas Adélia, insegura, sofre de problema de estrutura
Sou assim
E quisera não ser para não me arrepender do que poderia
Ser
Isto é bem Zeca Baleiro lembrado na voz de Rita Ribeiro
que perdeu a patente
Fiquei descontente
Sou um crente na Boa Fé do Artista
Mas sofro de inveja,
A mesma que Adélia sentiu de Drummond
O reconhecido Poeta que virou seu fã
Que sou também de Gente da gente:
de Josias Sobrinho, Ana, Cacau de Aquino, Almir, Rita
Alcione e Bita
Sinto a sensação de artista
Vi os de Honduras com sua real e triste caricatura
Descobri que sofro de inveja
E é de Adélia
Que bem poderia me declarar Poeta.