ACORDO FINAL
(Luiz Calheiros)
Acabo de ler o original do romance “ACORDO FINAL”, do escritor Luiz Calheiros, que focaliza o Oriente Médio, cenário de tantas lutas, e o eterno conflito do relacionamento afetivo que tanto maltrata a humanidade.
O enfoque histórico e social deste romance é de extrema importância. Com muita simplicidade, mas ao mesmo tempo usando belas imagens, consegue o autor aborda fatos políticos, econômicos e culturais da época em que se desenvolve a trama , como também se refere a eventos passados, ao mesmo tempo em que faz referências a acontecimentos futuros do ano dois mil.
A utopia de paz entre os homens move o eixo desta história..Acreditando que a humanidade chegará à conclusão têm o direito de conquistar a paz, pois dela necessitam para cumprir os seus desígnios, o autor nos diz que crê realmente na paz duradoura , baseada na confraternização.
E o diz mui acertadamente..
Confraternizar pelo parentesco da alma, e não pelo sangue, é uma coisa que somente o ser humano pode, pois, o tesouro do homem está onde está o seu coração.É tão grande a sua preocupação da paz entre os homens que, talvez até por uma forma intuitiva, ele empregue em inúmeras citações do livro o adjetivo branco – a cor da paz – como podemos observar nas seguintes passagens: casa branca, linho branco, gorro branco, nuvens brancas, faixa branca, prancha branca, orquídea branca, porta branca, cabelos brancos, pétalas brancas, cabeleira branca, e em muitas outras passagens.
È o branco afluindo por toda parte, representando a tão almejada Paz!
Luiz Calheiros apresenta nesta obra uma qualidade indiscutível de analisar conceitos, banhada de uma profunda criatividade, qualidade indispensável a um grande escritor. De forma bastante sutil e comunicativa, ele expressa não apenas sentimentos; são reações de um escritor diante da vida, enriquecida por sua extrema capacidade de observação.
Esta obra é um livro atual, mas que ficará para sempre na memória e no coração de todos aqueles que tiverem a oportunidade de lê-lo
Sempre com a firme intenção de não magoar o leitor, o autor expressas idéias através de palavras totalmente isentas de qualquer discriminação, conseguindo, com indescritível facilidade, atingir o princípio essencial da Humanidade, sempre em direção aos seu semelhantes, pois, amar os semelhantes é a primeira das virtudes. Ninguém vive só.É fazendo os outros felizes É fazendo os outros felizes que encontramos a felicidade. E é aí que o grande escritor Luiz Calheiros aparece, por seu esforço próprio e sua inteligência viva e abençoada por Deus. Sente-se feliz nas coisas espirituais, onde, fundamentalmente, estão todas as realizações e frutos da nossa existência.
Com equilibrada carga de acontecimentos de quem vive num mundo de inquietações e quer mostrar que estas realmente existem, o autor nos mostra este seu objetivo em inúmeras passagens , numa linguagem singela, mas carregada de um profundo lirismo
Emerge sempre, de todos os seus personagens, uma claridade enorme. Num plano muito bem definido, podemos observar, por exemplo, a preservação do judaísmo, o tipo de vida nos Kibutzim, totalmente despojada de vaidades , sem jamais adotar a idéia de qualquer separatismo religioso. São momentos e aspectos diversos de uma sensibilidade e estados de alma que demonstram claramente o idealismo e a consciência dos mais profundos sentimentos.
Em ACORDO FINAL, observamos claramente a necessidade de coexistirem, literalmente, os que oram e os que aram, numa perfeita alusão à convivência das sinagogas e dos sindicatos. É a satisfação pela obra realizada, mostrando que podemos plenamente viver uma vida magnífica quando trabalhamos. Trabalhando pelo que se ama e amando aquilo em que se trabalha.
Sentindo em seu íntimo que a Natureza é arte de Deus, o autor nos impressiona com as observações que faz a respeito dela. Em inúmeras passagens, faz alusões a diversas flores, e mui especialmente, às flores. O escritor se mostra
um paisagista primacial, que pinta com as cores dos canteiros, folhas da palmeira, árvores, cedro, pátio florido, bairro arborizado, vegetação em cores, verde floresta, folhagens distantes, gladíolos e lírios.
Detalhista, com aguçado espírito de pesquisador, numa linguagem simples, mas numa forma extremamente poética, o autor faz inúmeras descrições e observações a respeito dos lugares onde se desenvolve o romance. Descreve com enorme precisão de detalhes, não só os personagens, mas também os espaços- interiores e exteriores – que serve de cenário a sua obra.
Lançando este livro, Luiz Calheiros certamente proporcionará aos seus leitores momentos de grande prazer.E, prefaciá-lo, tem para mim um significado muito especial. Se fui escolhida para fazer este proêmio, devo somente à grande amizade entre nós existente, amizade esta que data dos tempos dos bancos escolares , primeiramente no curso primário do Grupo escolar Joaquim Távora e depois, no curso ginasial do Liceu Nilo Peçanha ( ambos em Niterói), sendo que, neste último, tive também a enorme satisfação de ter, como colega de turma, sua esposa, minha grande amiga Ilka Cosenza Cruz.
E laços de grande amizade até hoje unem nossas famílias.
Por tudo isto e por muito mais que não foi dito, agradeço ao autor a honra que me deu, convidando-me para esta gratificante tarefa.
Alda Corrêa Mendes Moreira
Niterói, 20 de agosto de 1998
(Carta-Prefácio)