Meu grito mudo

Aquele som que não foi ouvido,

Esse som que foi abafado pelos risos,

Foi meu grito mudo;

Aquele grito esquecido, aquela dor anestesiada,

Foi a tentativa alucinada de melhorar;

Queime por dentro agora,

Não se importe mais;

Descanse sossegada,

Não continuo vendo essa hipocrisia com a cara limpa.

Deixe os sonhos lavarem seus pecados,

E a noite apagar sua memória,

Deixe-me mais uma vez em minha cama,

E volte em paz para sua casa;

Não se importe em me procurar,

Nós sabemos que isso nunca foi necessário.

O que sobrou entre o pesar e o corroer?

Quem restou diante do sentir e o consentir?

Eu sobrei, restei e dissipei com o tempo.

Eu estava lá e vi tudo acontecer,

Eu que talvez já não me sinta tão eu como antes;

Eu que um dia estive tão dentro e marcada

E hoje já não sei mais onde estou.

Quantos anos levarão pra isso tudo deixar de ser?

Ódio, amargura, rancor;

Apatia, nostalgia, amor.

Talvez jamais deixem de ser hipérboles em suas essências,

Talvez, jamais deixem de ser apenas um eufemismo;

Mas nunca me pareceu menos coerente se importar,

E nunca me pareceu mais importante especular.

E já não restam sonhos,

Já não resta o que sonhar;

E não há memórias à destruir,

Ou pecados para abandonar;

Não há razão para você teimar em existir

Muito menos eu tentar te recordar.

rd
Enviado por rd em 26/02/2014
Código do texto: T4706667
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