O Menininho de uma Poeta...
Você é um moço, mas é semelhante a uma flor. Não há alguém tão florido quanto você: Com esta camisa vermelha e gravata estampada. Desde outrora, quando você me surgiu, os outros moços 'té' perderam o charme. Mas você, você é um moço de uma poeta, que te guardam sentimentos puros e concretos. Você gosta de dançar 'às escondidas' e morde os lábios devagar, molhando-os, delicadamente sorrindo, como que para me deixar apaixonada. Você tem medo de me perder e sente saudade quando eu 'não tô por perto'. Você poderia conversar com os passarinhos e assumir que você é um bobo por ter medo de perder uma menininha tão pequenininha, como você me chama. Porque você é um menininho d'uma poeta e todo mundo sabe que você é maravilhosamente lindo e você é incansavelmente amado, e porque você tem os lábios mais bonitos do mundo, que mudam de cor cinquenta vezes por minuto e vão transparecendo do vermelho-apaixonado pro roxinho-dengoso até o vinho-sedutor. Você tem uma poeta que engole a seco as lágrimas que se geram quando você tem que ir, e eu fico quietinha, sozinha, com meu choro. Eu sinto-me incontida por te admitir isso, mas isso não é novidade, não é mesmo? Mas mais uma vez, venho eu, admitir a ti que te amo e que quase enlouqueci pra lhe compor um soneto em libras e te apaixonar perdidamente por mim... Porque eu tremia inteira quando pensava na nossa história, e como as lembranças me faziam chorar feito criança, e como a saudade me causava birra, e como você foi incrível ao me aceitar com meus defeitos. Porque você suspira tão bonito, e me faz te olhar sorrindo, como se fosse até normal. Porque você é o menininho de uma poeta, e por isto te deixo bilhetinhos, com rimas e declarações, e por todas as horas te mando mensagens quando não estou por perto, e fico um dengo quando você está. Porque nós dormimos juntos num colchão posto na sala, e contra a ciência, consegui dormir com os batimentos cardíacos acima dos 120. Mas você é tão pequenino quando entregue aos meus braços, que desejo cuidar-te de tal maneira que nenhum arranhão te fira de alguma forma. E você me causa ciúmes, quando às vezes se veste de cavalheiro errante, e com armadura, capacete, ombreiras e joelheiras, fere teu corpo, que eu tanto cuido pra deixar ao nosso agrado. E eu, eu me visto de cavalheira também, e com minha espada tento despedaçar a rotina, o desamor, impondo o duelo entre lembranças boas e hostis. Mas você é um vencedor. É o príncipe que me salva do castelo solitário que a vida um dia ousou me prender. Você é o príncipe mais bonito, é o mocinho de uma poeta que enfrentou tudo e todos depois que nosso amor foi consagrado. Num instante no tempo nos abraçamos coladinhos, com medo do frio e dos desa(l)mados. Mas o medo passou. O menininho de uma poeta o fez passar. Porque quando eu sinto medo, eu lembro que você às vezes ri quase sem som e vai ficando grave 'té' a voz começar a aparecer enquanto eu, toda boba, te chamo pelo nome de um tio meu, e você fica nervosinho, coradinho, mas logo todo dengoso e bobo também. Porque você é o menininho de uma poeta que é toda besta quando o assunto é você. E sua mãe já sabe que nós nos amamos desse jeito assim, todo poético. Ela aprova nossa 'bobidão'. E a minha mãe, um dia vai te aprovar como a sua me aprova, e vai te ouvir, e eu irei observar e deixar vocês conversarem, enquanto sorrio toda boba no canto da sala a imaginar o 'perigo' de você não medir palavras e se confundir todo, chamando-a de sogrinha e causando uma confusão danada enquanto tenta consertar, e ela por fim descubra que você sonha em me deitar em teus braços e me transformar numa poeta de verdade, enquanto eu realizo o meu sonho de me deitar sobre teus braços e te proclamar poesia de verdade, porque você sabe que poeta só é poeta depois que vive sua poesia, mas eu, eu ainda estou morta, porque passo fome de você... Não creio que exista ninguém além de você que consiga transformar qualquer um, como eu, por exemplo, em poeta, com teus braços, teus olhos, teus lábios... E, quando nos encontrarmos, eu vou saber de cor cada partezinha do seu corpo e vou sair marchando-a de poesia e decifrar todos os seus sentimentos mais profundos. Porque você, você é o menininho de uma poeta e nós fomos 'predestinados' um ao outro por toda a vida e além dela. Eu sou medrosa, mas você me enche de coragem. Eu sou fraca, mas você me proporciona força. Eu sou chata, mas você me gera bom humor. Eu sou fanática, mas você me ameniza. Eu sou imperfeita, mas você me aperfeiçoa. Eu sorri, cheia de orgulho, e você foi o motivo, por ser tão você e por procurar ser melhor ainda. Eu te fiz rir um bocado contando como é a família louca que você está prestes a entrar, e você me fez rir também quando ficou me fazendo coceguinhas num colchão estendido no chão. Você conseguiu me fazer rir, me fazer ficar séria, me fazer rir de novo e me calar, tudo com um só beijo. Você jura que irei engordar ''um bocado'' quando casarmos, e eu oro para que você engorde também. E vamos morar numa casinha pequena, com conforto e sem TV. Mas teremos uma banquinha que terá uma gaveta onde guardarei os poemas que tanto te escrevo - já que em dias de saudade apertada eu quase lhe escrevo um livro, imagine quando estivermos olho a olho, decifrando e inspirando poemas um ao outro? E vou te pegar nos braços e te apertar como se você tivesse que virar sumo, e vamos mergulhar em versos e rimas. Para quebrar a rotina, vamos telefonar para estranhos e dizer-lhes que a vida é bela e que vale à pena! Vamos espalhar poemas e versos pela casa, surpreender o outro com belos cafés da manhã na cama, observando o sono do outro enquanto este dorme. Vamos ter um cachorro e um gato, porque eu gosto de cachorros e você de gatos. Você me cantará Chico em noites de amor, e eu te dançarei Elvis em manhãs de domingo. Vou te cantar canções do Tom e lhe recitar Vinícius, e lhe escrever milhões de livros para me tornar seu poeta preferido. Porque você é o mocinho de uma poeta. Então ficaremos famosos como o casal mais apaixonado do mundo inteiro e vamos viver escondidinhos, onde apenas o sol e a lua saberão nosso endereço quando aparecerem por um buraquinho que talvez haja no telhado. E você me protegerá da chuva e do rugido dos trovões, e eu sairei correndo pra fechar as janelas pra água não molhar nosso sofá, cantinho de amor que valorizaremos. E voltarei pra nossa cama, pra voltarmos ao abraço apertado e selado com uma cola divina, que nada pode romper. E vamos eternizar as noites e criar uma noite de muitos e muitos anos, sem sairmos do lado um do outro... Porque você é o menininho de uma poeta, e vamos poetar juntinhos, coladinhos, sobre coisas belas e bonitas da vida, e espalhar pelo mundo a beleza do nosso amor, de tamanho descomunal e desproporcional, que nem cabe nele. E vou te massagear o maxilar com o meu, e te fazer conhecer a via láctea apenas fechando os olhos. E vamos agradecer todos os dias a Deus por termos um ao outro e por termos a felicidade de estimação. E você vai se sentir tonto de tanto cuidado, mas é melhor ir se acostumando, porque você é o (MEU) menininho e a própria poesia de uma poeta...