DEVANEIOS
(Sócrates Di Lima)
 
Se você não me quer mais,
Por favor, me deixa,
Não me prometa o céu jamais,
Para depois me dar o inferno sem queixa.
 
Se você não me ama mais,
Não tripudia...
Não ria dos meus ais,
Nem da minha poesia.
 
Se você já me disse adeus...
Então vá....
Não ria dos olhos meus,
As lágrimas são de lá.
 
Se você não pensa mais em mim,
Então não venha me ver,
Não venha espiar meu fim,
E nem o meu sofrer.
 
Minhas lágrimas são puras,
São nascentes da alma minha,
Só eu sei das minhas noites escuras,
De o meu despertar de manhãzinha.
 
Quisestes ir embora pelo teu medo,
Não quiseste dividir  teus problemas e a tua dor,
Não me revelastes o teu segredo,
Fazendo assim, tão pequeno o teu amor.
 
E porquanto, minha alma pena,
No vazio que tu deixaste,
Como uma tênue cena,
No deserto onde ficaste.
 
E se choras as escondidas,
Ai, tão longe assim,
Aqui, não as tenho sentidas,
As lágrimas que não choraste por mim.
 
Disseste-me: - vai embora amor meu,
Estás livre para seguir teu caminho,
E se tudo, o meu amor prometeu,
Guardo em mim ternura e todo meu carinho.
 
E em silêncio meu coração palpitou,
Abateu-se, e em nó se amarrou,
Fazendo do silêncio um pacto de dor,
Escrito nas cartas do meu amor.
 
E como esta minha última carta,
A qual em versos minha alma relata,
Um dia lerá, e se assim não sentir minha falta,
Não importa, o tempo matará a saudade na hora exata.
 
E como não me quiseste mais,
Não deveria ter dito,
Assim, não ficariam no tempo meus ais,
Nem esta carta em manuscrito.
 
Hoje, fecho o livro das minhas cartas perdidas,
Cuja missiva não enviei nem por e-mails,
Mas sabia que um dia minhas divagações seriam lidas,
E tu saberias, sem ter comigo, dos meus devaneios.
  


 
 
Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 21/02/2014
Reeditado em 21/02/2014
Código do texto: T4700574
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