Carta ao poeta recantista Joilson Pessanha.
Caro Poeta,
Se as minhas reflexões sobre a poesia do mestre-sambista Candeia expressam a imagem que postei no seu facebook, fico pensando só, se forem pelo imenso desejo da liberdade que manifesto na minha admiração-identificação pela obra desse poeta – um desejo do tamanho dos condicionamentos que me/nos aprisionam, por isso sempre intenso e vivo e expresso pela forma manifesta da minha sensibilidade.
Assim: elas são almas em busca de liberdade, assim como eu sou e, pela sensibilidade me identifico com o Candeia, um espírito inconformista que com a vida e com a música tentou sempre transcender a questão racial brasileira que não é dele ou do negro, mas de todos nós.
Mesmo sendo cativos pelas determinações do nosso corpo frágil e da nossa finitude ou pelos condicionamentos das nossas escolhas guardamos também, na nossa alma, o desejo de transcendência que nos faz eternos inconformados com as nossas determinações temporais ou, inconformistas diante de nossas escolhas, que condicionam nossa liberdade.
Essa imagem com grades parece uma prisão com aves voando e pessoas emergindo de uma penumbra para dela escaparem me passa desejo de liberdade, realmente.
Desejo de liberdade aponta para uma condição de aprisionamento.
Mas, de que natureza é esse aprisionamento, pois as grades e a penumbra me fazem parecer que, ao lado desse desejo de liberdade há uma impossibilidade ou uma obrigatoriedade.
Por isso, se “Somos almas cativas e cansadas querendo liberdade e alçar vôos altos”, como você diz, pergunto:
Cativas, por quê?
Será pelo nosso desejo de plenitude em face de nossas condições temporais e finitas, que não permite nos sentirmos livres?
Será a nossa resistência a evolução natural determinadas espiritualmente?
Será uma questão social pelas nossas escolhas, que condicionam nossa liberdade?
Como não sei convidei você prezado Joilson para especular.
Paz e bem.
Francisca de Assis.