A Poesia que o Mar Levou

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Sabe, estava tão extasiado com a exuberância deste paraíso que nem me recordo do poema que rabisquei. Na areia da praia mesmo. O mar o levou. Só me lembro que enquanto eu escrevia, a cada curto intervalo de tempo eu parava e olhava o horizonte. Era só escuridão. Às vezes, meu sorriso escapava do rosto e logo era levado pela brisa que o mar assoprava. Depois que ele tragou minhas letras, sentei e fitei as estrelas. Elas desinibidamente brilhavam e caçoavam da lua, que tímida, ficava à espreita, curiosa para saber o que eu pensava. Caminhei por toda a extensão de meus pensamentos. Já exausto, apoiei minhas costas numa rocha a dois palmos de água e adormeci. Imaginando que o dia jamais chegaria. Quando as trevas da noite sucumbiram diante da imponência do sol, os pássaros começaram a cantar, os primeiros pescadores desbravavam o mar e os banhistas enchiam a orla do balneário Praia Bonita. O calor já castigava o asfalto, e o ronco dos motores açoitava os ouvidos de quem apenas queria apreciar mais um pouco o silêncio da madrugada... Não olhava mais para as estrelas, mas sim para as nuvens.

Me perdi em devaneios...

Nada mais importava

Quando me dei conta, o tempo todo eu estive pensando em você