Página de um diário
29/04/07
Querido diário:
Hoje ele esteve aqui. Chegou quando eu já não o esperava. Chovera parte da tarde e um frio vinha junto com o vento, típico da época de outono. Nosso amor já dura a algum tempo, mas tenho muitas dúvidas. Não em relação ao que sinto, mas ao futuro incerto, que não posso premeditar. Ele é carinhoso, paciente, mas nas horas em que mais preciso dele, não o encontro...
Sabe aquela hora em que você necessita de um abraço terno, um beijo de compreensão ou a presença do lado em silêncio, apenas com o significado de “ estou aqui, com você”? Pois é, nestas horas a solidão fala mais alto e o coração fica pequenininho. Os dias se arrastam e tudo o que sobra são lembranças. Entre um telefonema ou outro, fica sempre a sensação de perda, de algo incompleto, como se metade de mim fosse com ele.
Amar tem seu preço e ás vezes não é fácil pagar este preço. O coração reclama da ausência, a cabeça insiste em martelar lembranças guardadas, frases ditas, levanta hipóteses, sugere cenas, viaja ao infinito para buscar aquele ser amado e diminuir um pouco a intensidade da saudade. Mas dói, machuca, e quando tudo parece uma grande loucura... a racionalidade volta, o coração se acalma e a rotina da vida volta ao normal...isto é, ao normal até o próximo fim de semana, onde todo este ciclo se reinicia.
Somos ambíguos e esta ambigüidade parece eterna. Ao mesmo tempo em que sou um ser vivendo com toda a minha individualidade, não consigo me sentir satisfeita e necessito sempre do outro para me sentir completa. Senão completa, pelo menos observada, questionada e vivendo em função do outro.
Ah querido diário, a vida é mesmo desafiadora. Tentar entendê-la já é complicado, imagine compreender a quem se ama?
Beijos, até breve...