SER AVÓ
Nem preciso do espelho, para reconhecer os caminhos que o tempo desenhou em meu rosto.
Sentada em minha poltrona, olho a neve que cai mansa, do lado de fora da minha janela, e percebo que temos algo em comum, meus cabelos estão brancos como a neve.
A tintura disfarça a alvura que cobre cada fio de minha cabeça. Eu gostaria muito de deixá-los ao natural. Porém, minha filha insiste para que eu os pinte. Ela, sempre me diz, que ainda sou muito jovem para ter cabelos brancos.
Eu penso: Será?
Ainda bem que vovó, já tenho idade para ser. E logo serei.
Desde que recebi a feliz notícia da sua vinda, meu netinho, foi como se uma estrela muito brilhante, passasse a me acompanhar.
Sinto sua presença doce, suave, alegre, bem pertinho de mim.
Esses dias, ao dobrar as roupinhas que você ganhou de presente, e sua mãe colocou na máquina, para lavar e secar, voltei a sentir um perfume delicioso, que há muitos anos, não sentia: cheirinho de bebê, de anjo.
Só nesse momento me dei conta, do quanto estava com saudade desse cheirinho tão bom e único.
Meu coração bateu acelerado, ao pensar que vou novamente reter em meus braços, um nenê, e dessa vez, meu netinho.
Com certeza, vou niná-lo, contar-lhe estórias, cantar-lhe cantigas antigas, que ouvi de minha mãe, e cantei um dia para meu filho e filha.
Ah, que alegria pensar, que vou poder cantá-las novamente, e agora pra você.
Hoje, já não tenho mais o relógio a me escravizar, como quando seu pai era pequenino, e me pedia para brincar no chão da sala, e muitas vezes tive que dizer que não podia. As inúmeras tarefas me ocupavam. Ah, como me arrependo! Que tarefa poderia ser mais importante, do que brincar de Lego no chão da sala, com o meu filho?
Agora, não terei os ponteiros do relógio a me ditar ordens. E se você quiser e gostar de brincar de Lego (ou de outra brincadeira qualquer) vou me sentar ao chão (mesmo que, algumas juntas do corpo, já pouco lubrificadas reclamem) e prometo que brincaremos, até você dizer: "agora chega, vovó, já enjoei dessa brincadeira, vamos procurar outra?"
Tantas foram as pessoas que me disseram sobre o sentimento de ser avó. Do quanto é especial e imenso esse amor.
Ah, por mais que eu pensasse que já sabia. Confesso: nem imaginava que pudesse ser desse tamanho, e ter essa intensidade.
Ontem, sentei-me, no seu quarto. Ele, já está quase pronto. Ainda falta um bom tempo para você chegar, mas, sua vinda é tão esperada e querida, que seu quarto está lindo, foi projetado com um amor e carinho sem fim, pela sua mamãe e papai.
Pois então, me sentei lá, com a intenção de fazer uma prece ao seu Anjo da Guarda, para que ele, te conduza com muita luz e serenidade, nessa passagem de renascimento na terra.
A emoção que senti nesse momento, foi tão intensa, - e deve ser por conta dessa emoção, - que em meio a um nevoeiro de lágrimas, eu te visualizei, ali, ao meu lado. E, você estava lindo, sereno, sorria feliz para mim.
Ah, que bom, que tenho sulcos no rosto, e cabelos nevados na cabeça. Que bom, que meu corpo por melhor que eu cuide dele, com uma alimentação vegetariana, e exercícios diários, já não tem mais a mesma vitalidade de outrora.
Sem tudo isso, eu não teria idade para ser avó, e não sentiria a felicidade sem fim, que estou sentindo, com a espera de seu nascimento.
Hoje, antes de sair de seu quarto, olhei o confortável carrinho que você ganhou da sua outra vovó, e imaginei você ali: sentadinho, com as perninhas gordinhas, balançando no ar, e sorrindo. Sorrindo muito, um sorriso de alegria, e confiança, por ter escolhido vir viver, no seio de uma família, que já te ama tanto.
No meu caso, esse amor, nem está cabendo no meu coração. Por isso, tenho que escrever, derramar em cada palavra um pouco desse sentimento extraordinário, e imenso, que sinto por você.
Bem me diziam, que ser avó era mágico, um amor diferente de todos os outros já experimentado.
Só posso dizer que sim. Todos que me contavam, estavam com a razão.
(Imagem; Lenapena)
Nem preciso do espelho, para reconhecer os caminhos que o tempo desenhou em meu rosto.
Sentada em minha poltrona, olho a neve que cai mansa, do lado de fora da minha janela, e percebo que temos algo em comum, meus cabelos estão brancos como a neve.
A tintura disfarça a alvura que cobre cada fio de minha cabeça. Eu gostaria muito de deixá-los ao natural. Porém, minha filha insiste para que eu os pinte. Ela, sempre me diz, que ainda sou muito jovem para ter cabelos brancos.
Eu penso: Será?
Ainda bem que vovó, já tenho idade para ser. E logo serei.
Desde que recebi a feliz notícia da sua vinda, meu netinho, foi como se uma estrela muito brilhante, passasse a me acompanhar.
Sinto sua presença doce, suave, alegre, bem pertinho de mim.
Esses dias, ao dobrar as roupinhas que você ganhou de presente, e sua mãe colocou na máquina, para lavar e secar, voltei a sentir um perfume delicioso, que há muitos anos, não sentia: cheirinho de bebê, de anjo.
Só nesse momento me dei conta, do quanto estava com saudade desse cheirinho tão bom e único.
Meu coração bateu acelerado, ao pensar que vou novamente reter em meus braços, um nenê, e dessa vez, meu netinho.
Com certeza, vou niná-lo, contar-lhe estórias, cantar-lhe cantigas antigas, que ouvi de minha mãe, e cantei um dia para meu filho e filha.
Ah, que alegria pensar, que vou poder cantá-las novamente, e agora pra você.
Hoje, já não tenho mais o relógio a me escravizar, como quando seu pai era pequenino, e me pedia para brincar no chão da sala, e muitas vezes tive que dizer que não podia. As inúmeras tarefas me ocupavam. Ah, como me arrependo! Que tarefa poderia ser mais importante, do que brincar de Lego no chão da sala, com o meu filho?
Agora, não terei os ponteiros do relógio a me ditar ordens. E se você quiser e gostar de brincar de Lego (ou de outra brincadeira qualquer) vou me sentar ao chão (mesmo que, algumas juntas do corpo, já pouco lubrificadas reclamem) e prometo que brincaremos, até você dizer: "agora chega, vovó, já enjoei dessa brincadeira, vamos procurar outra?"
Tantas foram as pessoas que me disseram sobre o sentimento de ser avó. Do quanto é especial e imenso esse amor.
Ah, por mais que eu pensasse que já sabia. Confesso: nem imaginava que pudesse ser desse tamanho, e ter essa intensidade.
Ontem, sentei-me, no seu quarto. Ele, já está quase pronto. Ainda falta um bom tempo para você chegar, mas, sua vinda é tão esperada e querida, que seu quarto está lindo, foi projetado com um amor e carinho sem fim, pela sua mamãe e papai.
Pois então, me sentei lá, com a intenção de fazer uma prece ao seu Anjo da Guarda, para que ele, te conduza com muita luz e serenidade, nessa passagem de renascimento na terra.
A emoção que senti nesse momento, foi tão intensa, - e deve ser por conta dessa emoção, - que em meio a um nevoeiro de lágrimas, eu te visualizei, ali, ao meu lado. E, você estava lindo, sereno, sorria feliz para mim.
Ah, que bom, que tenho sulcos no rosto, e cabelos nevados na cabeça. Que bom, que meu corpo por melhor que eu cuide dele, com uma alimentação vegetariana, e exercícios diários, já não tem mais a mesma vitalidade de outrora.
Sem tudo isso, eu não teria idade para ser avó, e não sentiria a felicidade sem fim, que estou sentindo, com a espera de seu nascimento.
Hoje, antes de sair de seu quarto, olhei o confortável carrinho que você ganhou da sua outra vovó, e imaginei você ali: sentadinho, com as perninhas gordinhas, balançando no ar, e sorrindo. Sorrindo muito, um sorriso de alegria, e confiança, por ter escolhido vir viver, no seio de uma família, que já te ama tanto.
No meu caso, esse amor, nem está cabendo no meu coração. Por isso, tenho que escrever, derramar em cada palavra um pouco desse sentimento extraordinário, e imenso, que sinto por você.
Bem me diziam, que ser avó era mágico, um amor diferente de todos os outros já experimentado.
Só posso dizer que sim. Todos que me contavam, estavam com a razão.
(Imagem; Lenapena)