Carta ao Filho Distante

Eu vi no berço seu olhar de busca e de aceitação por ter vindo por mim a este mundo torto e sem sentido.

Acolhi seu choro de fome e no sono tardio encolhi meus medos para então poder velar sua espera pela vida que vinha cheia de promessas e de manhãs com luz de certezas e belezas tantas.

Você então cresceu a aprendeu a chorar as lágrimas da injustiça dos homens, dos desmandos e das doenças ideológicas e da ignorância obrigatória para que pudesse sobreviver despercebido.

Então veio a luta em que agora você se mostra tão vulnerável e tão humano.

É sua hora de semear, regando essa terra com o choro mais silencioso que puder compor sua poesia de gente grande.

Chore meu filho, o choro é de Deus um linimento para lavar a alma. Tudo que cerca seu mundo vai passar, mas a promessa que Ele fez é a colheita feliz que logo virá.

Tristeza e atribulação a todos aproveita a prova e crescer sem perder o ânimo é a fórmula que o tornará diferente. De preferência seja você visto como um louco e desajustado, mas, sempre firme no rumo decente e certo que desconserta os descrentes.

Essa guerra, igual a tantas outras, também vai passar e a reconstrução virá nas mesmas manhãs de sonhos outros, agora em luz verdadeira e em entendimento com o espírito que transcende a crítica e a aridez dos já mortos em convicções de moldes frios e sem esperança. Deixe-os, ainda que seja um deles seu comandante em campo de batalha.

Se puder voltar, a casa em festa lhe dará o abrigo de sempre. Se sua vida for requisitada , durma o mesmo sono rápido, um lampejo, nova vida, eterna ,desde sua criação.

Marcos de Castro Palma
Enviado por Marcos de Castro Palma em 03/02/2014
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