Dores

Com a cabeça erguida e a face molhada,

Procuro de todas as maneiras te deixar em segundo plano;

Mas me encontro mais uma vez só

E falho comigo mesma...

Sinto sua ausência doer;

Sinto seus olhos me observando;

Sinto teus braços frios tentando me acalmar;

Sinto minha consciência me corroer.

Mas jamais te direi que te perdoo,

Jamais admitirei o quanto te quero.

Me afasto no amanhã para esquecer do ontem;

Que você já deixou pra trás;

E as dores do peito que ainda está a sangrar,

Parecem cada vez mais intensas;

Mais agudas.

Ninguém é insensível o suficiente,

Ao ponto de abrir sempre o mesmo corte,

E nunca sentir a dor.

Onde está minha poderosa morfina,

Quando mais preciso dela?

Você levou-a contigo.

Se sentir só, já é um costume meu,

E um dia quem sabe, eu possa rir,

Sem chorar por dentro;

Ou então você simplesmente devolva minha morfina,

Que me sentirei um pouco mais satisfeita,

Com essa angústia consentida,

Que me foi aplicada sem período de repouso;

Sem prazo de validade.

rd
Enviado por rd em 30/12/2013
Código do texto: T4629964
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