Dores
Com a cabeça erguida e a face molhada,
Procuro de todas as maneiras te deixar em segundo plano;
Mas me encontro mais uma vez só
E falho comigo mesma...
Sinto sua ausência doer;
Sinto seus olhos me observando;
Sinto teus braços frios tentando me acalmar;
Sinto minha consciência me corroer.
Mas jamais te direi que te perdoo,
Jamais admitirei o quanto te quero.
Me afasto no amanhã para esquecer do ontem;
Que você já deixou pra trás;
E as dores do peito que ainda está a sangrar,
Parecem cada vez mais intensas;
Mais agudas.
Ninguém é insensível o suficiente,
Ao ponto de abrir sempre o mesmo corte,
E nunca sentir a dor.
Onde está minha poderosa morfina,
Quando mais preciso dela?
Você levou-a contigo.
Se sentir só, já é um costume meu,
E um dia quem sabe, eu possa rir,
Sem chorar por dentro;
Ou então você simplesmente devolva minha morfina,
Que me sentirei um pouco mais satisfeita,
Com essa angústia consentida,
Que me foi aplicada sem período de repouso;
Sem prazo de validade.