Inércia minha

Decidi eternizar em palavras e não apenas na lembrança esse momento que vivo. Sim, pois nem mesmo em noites turvas que outrora vivi, imaginei tamanha inércia de meu peito e de minh'alma. Quando se tem alma de poeta, toda inércia é morte e todo desamor é penitência pra alma.

Hoje todo música é triste, todo filme me encanta, todo romance é distante e toda poesia divina. De certo que toda dor aos outros que eu mesmo causei, explique tamanha solidão, explique o choro e a cinza.

O sonho de ver ela o pequeno e eu envelhecendo juntos, morreu. Não há mais espaço para este enredo, se no momento em que os atores subiram ao palco eu encerrei o espetáculo.

Ela tão doce e inquieta, tão meiga e impaciente ganhou asas pra pousar onde Deus permitir sua felicidade. Eu tenho o pedaço dela misturado ao meu, e sses pedaços divididos entre pai e a mãe, tenta incessantemente em sonho e desejo que cada pedaço se cole.

Eu o vejo crescer, eu o sinto ir embora, a cada dia em que aprende uma palavra nova, que tenta explicar esse hiato entre eu e eles. Eu o amo e me dói sua dor, eu a amo e me dói amá-la.

Se o ano que inicia me reservar algo, peço apenas que não me tires o dom de amar, nem a capacidade de sonhar. Pois ainda sonho amá-la sempre, rotineiramente todas as manhãs.

Samuel Boss
Enviado por Samuel Boss em 28/12/2013
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