Ao primeiro dia do resto dos meus dias
xx de Xxxxxx de xxxx
Minha cara, por meio dessa missiva concedo-te a liberdade. O fato é que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço, e esse corpo não mais servirá de morada a você. Os corredores de minha mente livres estão para o trânsito das poeiras que em redemoinhos no vazio formarão ilhas de lembranças condenadas ao esquecimento. Sem possibilidade de resgates ou destino de náufragos, devoradas serão pelo tempo. Dizem que nem aos filhos concedera o perdão, nem ao pai. Pobre Urano. Seus pertences já estão a caminho, chegarão em segurança e intactos. Pois fortes são. Em presença promoveram um verdadeiro estrago. Esmagavam-me, trituravam-me a certeza do que fora por mim decidido: o adeus. Quadro branco agora, ansiando para ser tonalizado por nuances de restos dias que virão. Vazios de você e cheios de mim.