QUERIDOS AMIGOS DO RECANTO DAS LETRAS

Quando criança ouvia minha mãe cantarolar músicas, enquanto ajeitava a casa. E eu, atenta ficava sem entender - como podia caber tantas palavras dentro das pessoas... Cada dia ela cantava as mesmas, e outras variadas musicas, e eu pensava no peso daquelas palavras. Nem me preocupava tanto com as melodias, mas o peso das palavras, o sentido das palavras, sempre me fascinavam. Mesmo com pouco vocabulário, e um repertório pequeno, eu tentava decifrar o sentido do que estava a ouvir – e isso tornou-se um hábito. Achava tão bonitas as palavras, que ficava viajando quando minha mãe cantava... “um pequenino grão de areia que era um pobre sonhador... olhando o céu viu uma estrela, e imaginou coisas de amor”. (Dalva de Oliveira). Acreditava sim, que o grão de areia seria um grande sonhador, pois como poderia ele, tão pequeno e insignificante olhar para as estrelas e imaginar coisas de amor? – Ria quando ela cantava – “Pois! Fizeram tanto, tanto, que desta vez a morena foi embora... disseram que ela era maioral – e eu é que não soube aproveitar” – (Ataulfo Alves) - Minha mãe é loira de olhos azuis, e isso me aliviava, pois assim ela nunca iria embora. E assim variadas palavras na voz nada cantora, porem com candura, minha mãe, me fascinava... E eu deitava no chão da casa, olhava para o céu acreditando ser um simples grão de areia imaginando coisas de amor. Pensava: como poderia caber tantas palavras dentro de uma pessoa... E parecia que no dia seguinte, o arsenal não se esgotava... E lá vinha ela com - Carinhoso – “...meu coração, não sei por quê bate feliz quando te vê. E os meus olhos ficam sorrindo, e pelas ruas vão te seguindo...”(Pixinguinha). E na simplicidade de minha infância as escutas me fizeram dar sentido a vida, a me preocupar com o que transmito às crianças, aos jovens, aos adultos, e aos idosos, e conseqüentemente as pessoas a minha volta. E em especial, nessa época, quando nosso coração esta em ritmo de festa – paro para resgatar o ano de 2013 – um ano de grandes percalços – daqueles que não imaginamos que conosco também aconteceria... e que em alguns momentos pensamos que não vamos conseguir – Mas, como tudo tem seu tempo, tudo tem a sua hora, o tempo nos sacode e nos manda acordar para a vida... E retomamos o leito do rio e deixamos a vida seguir. E assim mais um ano de palavras, e de escutas se vai, dando passagem para um novo ano que se “aproxima”. E essas palavras e escutas não teriam sentido se eu não pudesse contar com a presença de cada um de vocês, que, de uma forma ou outra, passou, por minha vida – os que surgiram os que permaneceram, os que se afastaram e os que virão, os que estão próximo, os que estão distantes, os conectados e os desconectados. Seria imprudente eu relacionar aqui cada um de vocês que visitou meus escritos. Mas com certeza esse novo instrumento nos facilita esse modelo de contato para que possamos fazer essa ponte e de certa forma acreditar que estamos mais próximos. Então desejo a todos um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de novas realizações. Agradeço as curtidas, aos meus seguidores, a todos que de uma forma ou outra se fizeram presente não somente na minha vida real, mas também na vida virtual, que de fria, nada tem. Pois é através das palavras que estamos em contando um com o outro. Nesse momento reporto minha infância com minha mãe a cantarolar- “... Bandeira branca, eu peço paz...” na voz de (Dalva de Oliveira).

Que venha 2014.

Um grande abraço repleto de luz...