Última carta de um coração apaixonado

21 de abril de 2007;

Não tenho palavras para expressar o que sinto nesta tarde em que agora uma teimosa chuva ousa cair sobre a minha dor, querendo lavar minha alma desta decepção que eu nunca ousaria em sonhar, mas inevitavelmente aconteceu. A dor que senti ao escutar suas palavras, o peso do meu coração se desvairando numa angústia mortal, não é nada comparado com as lágrimas que derramei outras vezes, em outras ocasiões. Suas palavras que antes eram doces agora se mostravam impregnadas de um fel seco e frio que por um segundo pareci que estava a sonhar e realmente eu não poderia sonhar com o choque da suas palavras. Confesso que soltei um grito mudo, uma última esperança para o nosso amor, que até neste dia me parecia ser uma coisa verdadeira e douradora, mas por obra da vida, que insiste em punir seus filhos mais devotados por não quererem além do que és certo isso somado com suas palavras, julgando-me como imaturo e outras infâmias mais, sem saber ao certo a minha historia, minhas tragédias e vitórias, lançando-me novamente ao sabor amargo da tristeza, me forçando a beber das minhas próprias lágrimas. Eu não o censuro e nem acuso de nada, mas eu não posso deixar de dizer que em todos os momentos em que estive ao seu lado, sempre procurei o seu bem, a sua alegria e tua felicidade, acima de tudo, pois, era certo que eu iria me casar com você ... Minha última esperança que morreu!

Você não faz idéia do que essa decisão pode implicar na vida de uma pessoa, e antes mesmo de te conhecer naquela madrugada; que sempre agradecerei a Deus por ter te posto em meu caminho; já havia decidido abdicar-me do meio GLs em que vivo não queria mais saber desse mundo ladeado de mentiras, arrogância, e há um culto das pessoas por sexo sem medidas, não abraçando as coisas belas da vida. E isso já era certo em minha até o dia em que você apareceu, como um anjo que aparece naqueles momentos de profundo desespero para nos mostrar que a vida pode ser bela, mágica, acessível e que sempre podemos contar com nossos sonhos, meu sonho, teu sonho. Mas esse anjo que se mostrou, era mais um entre tantos que aparecem nesses momentos, revelando ser apenas portadores de falsas ilusões, promessas infundadas só com o mérito de se dizer que tem nada mais além do que isso, e isso não tem efeito algum nas pessoas desprovidas de sentimentos tão próximos a sensibilidade, mas, porém nesse mundo de Deus ou de homens apenas existem uma parcela de pessoas que se mostram sensível, que querem ter algo longo e duradouro e acreditam e sempre acreditaram que junto se amando, pode-se enfrentar qualquer desafio, qualquer problema, ou defeito, essas pessoas e eu sou uma delas, acredita e sempre acreditarei que se conversando tudo se esclarece e se chega a um senso em comum.

Porém as coisas nem sempre foram fáceis tanto para mim como para essas pessoas que tem um lado mais sensível, somos assim fardados há sempre serem humilhados, largados, usurpados e até mesmo traídos quando deixamos de ser úteis para tais pessoas. Esse é o nosso Karma, pois, na verdade nos apaixonamos facilmente, gostamos facilmente, amamos facilmente, e de uma intensidade que pode assustar até mesmo nós nos assustamos com essa maneira em que amamos, e com isso colocamos os pés pelas mãos, fazemos burradas ou dizemos coisas desnecessárias, e com isso perdemos nosso amor, nosso carinho e somos jogados como cães para a sarjeta mais imunda, mais fétida dentro de nós mesmos e abalados por nossa insegurança de que estávamos vivendo uma mentira, amando por nós mesmos, não se pode amar pelos dois, e assim a tristeza nos vem oferecer sua companhia, sofremos, choramos amargamente, sentimos falta da pessoa, certos e esperançosos de que tudo aquilo não passava de um sonho, de uma mentira imposta pela vida, para brincar com nossos sentimentos, mas quando despertamos para mais um dia, para sobreviver neste mundo repleto de tentações e desejos, temos consciência de que tudo aquilo não era um sonho, mas uma realidade fria e má, que nos arranca à força do nosso caminho, desvia-nos dos nossos sonhos e nos enche de depressão, solidão, dor, medo, de que isso aconteça de novo em nossas vidas, medo de sentir aquele amor que vem bater as portas do coração quando menos esperamos, medo de aceitar a vida como ela é, com sua forma boa e má de vê-la, e temos a consciência de que se desistirmos, poderemos nos considerar mais vivos, tão pouco humanos...

Leandro Dias

Leandro Dias
Enviado por Leandro Dias em 23/04/2007
Código do texto: T460706
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.