Uma carta para ele

Decidi acordar e começar a te escrever uma carta. Obviamente, compreendo seu ponto de vista e espero mesmo que um dia compreendas o meu; diante do meu impulso, e dos poucos minutos em que permaneço no mesmo ambiente que você, com esse nervosismo e ansiedade, ainda posso descrever sentimentos outrora esquecidos, ou mesmo adormecidos (...)

A cada dia em que você pensar nas suas dificuldades, nos seus sonhos mais complicados, e em todas as barreiras que terá de enfrentar, sei que jamais me verá, mas estarei ali, no cantinho do nada, torcendo por você. Por esse seu interesse desmedido de um futuro melhor, de uma mulher que será seu troféu e vai trazer a felicidade que você tanto aguarda. Em meio ao nada, estou eu, com uma vontade imensa de te abraçar, e te beijar devagar, sussurrar o quanto desejo estar contigo; um desejo louco de ser a menina dos teus olhos, o perfume daquela orquídea, tão rara e solitária, linda... então penso quando te esquecerei, e deixarei você partir, pois sei da minha condição desfavorável e da loucura que acomete meus pensamentos. De repente eu não sou mais eu mesma, pareço ser alguém bem diferente; apenas pense que deixo vc ir, para o seu bem, seu melhor futuro, sua vida em família, suas decisões compartilhadas com quem você gosta. Pois que aqui dentro há uma dor imensa, uma vontade insana de te procurar, te ver, falar contigo. Mas preciso controlar estes impulsos incertos, pois se eu te ver, se falar contigo, sei que vou fraquejar. Descobri que você é uma linha tênue entre o que não conheço e o que busco, e pisar em areia movediça não me fará feliz, apenas mais ansiosa e desesperada. Um beijo, suave, em seus lábios, boa viagem. Queria tanta coisa... mas não posso, né, tenho q abandonar este meu coração à sua própria sorte. E ver a felicidade dos meus olhos partir, para bem longe, viver a vida em um lugar tão tranquilo. Mesmo que sua felicidade seja a minha derrota, tenho que te deixar voar.

Se cuida. Um abraço, eu.