AO MEU PAI, PELO ANIVERSÁRIO
NA MANHÃ DE 15 DE NOVEMBRO DE 2013
Meu pai: hoje, 15 de novembro, dia do teu aniversário em teu tempo na Terra, venho dizer-te que não te esqueço, que estás sempre presente em mim e, porque estás sempre presente, sei que vês e sabes de tudo o que ocorre; sabes de todas as perdas e renúncias e desistências e desacertos fundos... fundos... de e em todos nós que aqui ficamos... erros e omissões no mundo individual e no coletivo de cada um de nós.
Venho para saudar-te neste dia e para fazer, em meu nome e no de todos, o pedido de perdão por tudo o que não deu certo – para dizer o mínimo. Peço perdão em meu nome, por meus próprios graves erros e omissões e também peço perdão pelas omissões e pelos erros que não são meus.
Sei que posso e que podemos contar com teu perdão, meu pai. Sei que podemos e que posso contar com ele, perdão que, afinal, os pais nos perdoam, por mais graves que tenham sido e que sejam os nossos erros.
Recebe meu abraço, pai, o abraço que te envio do precário espaço desta Terra em quase total desvario individual e coletivo. O “quase” vai por conta da ação, em vários campos, dos que permanecem a lutar, sem esmorecimento, pelo resgate dos destinos da nossa triste espécie homo sapiens. Que possamos ver – nós, ou nossas crianças, ou os filhos das nossas crianças - o fruto sadio de uma Terra melhor a nascer desses seres que persistem a acreditar no futuro; que, na medida do possível, os seres tão pequenos como eu, ao menos não constituamos pedras de tropeço para o trabalho dos que permanecem a crer no futuro e a lutar por ele. Que, ao menos, não sejamos pedras de tropeço. Digo tais coisas ao pai-cidadão, àquele que passou a vida a crer em e a lutar por um mundo e por um país mais justo para todos; digo tais coisas àquele que partiu sem ver o rumo terrível, patético que deram, no “pais do futuro” (a despeito de alguns avanços) bem como no mundo, ao que foi teu Grande Sonho, meu pai.
Bem... talvez ainda possa surgir uma efetiva luz no fim desse túnel. Quero crer que possa ainda haver. Tem que vir a haver, pai, uma luz efetiva no fim de todos esses túneis. Tem que vir, ainda, a haver, tal luz, meu pai.
Pai, recebe o meu abraço. Abraça-me, meu pai.