Desabafo entre elogios e xingamentos
Sua vadia!
O que foi fazer comigo? O que fez com esse meu lânguido corpo que só sabe ter prazer contigo?
Ouvi dizer que vai casar-se com aquele mocinho com quem andava. Tudo bem. Mas por favor, só me diga que ele te dá mais prazer que eu dera outrora, só me garanta que serás feliz, que dará para este bastardo aqueles sorrisos largos e olhos de deleite que gastaras por mim.
Cachorra!
Vem latir no meu quarto, vem uivar só mais uma noite nos nossos lençóis imundos à luz da lua, rosnar para meus inúmeros insensíveis erros atrozes e, sem pudor, lamber tudo aquilo que bem quiser. Rói meu osso, aproveita-se da minha carne crua, tua, do meu corpo, que no fundo jamais deixou de ser teu.
Safada!
Todos os corpos e rostos bonitos que me acompanharam desde o nosso triste fim, todas as mãos e secreções que entrelaçaram-se aos meus dedos desde então, desde ti, desde o nós, foram só isso. Nada além da minha imaginação tentando recriar o lúdico profano e puro amor que tivemos.
Vadia!
Sinto muito a sua falta e de poder te chamar de minha. Cachorra, safada, vadia, linda, gostosa, meu bem, qualquer coisa que aqui e entre nós ainda caiba bem. Tudo, ou nada, mas minha.