carta ao amor II
Antes de começar já peço perdão pelos excessos, porque sei que os cometerei - eu sempre os cometo quando estou com você por perto, ainda que em pensamento.- Mas acho que os apaixonados deveriam ser exclusos de penas por excessos, porque afinal, o que é o amor se não um excesso ?! Um sentimento exarcebado que cresce tanto em ti que você precisa contar e dividir com o outro.
Ah meu amor, eu pequei pelo excesso... E hoje sei qual é o seu preço.
Ele tem me custado bem caro; Pago o valor da saudade e do orgulho ferido.
Porque se já se foi o amor, ainda deve restar o orgulho.
Magoado, triturado, exposto em pedaços junto com os sonhos que foram rasgados um a um a mãos.
Meu amor é ridículo, mas não consigo simplesmente fazer as malas e partir de tudo que construímos juntos. É humilhante, mas continuo tentando encontrar você em toda essa bagunça que nós deixamos, e que sei que você não está mais.
Eu sei por que tenho visto as suas lindas fotos apaixonadas com as doces legendas. Elas me fazem lembrar que para mim os cartões sempre estavam vazios porque você não tinha nada a dizer. Lembra?!
Por falar em declaração eu também estava lá e ouvi quando disseram que você está aprendendo a cozinhar para preparar o jantar dela. Espero que você não fique com a marca da queimadura da travessa que fiquei quando aprendi a fazer o seu enquanto você jogava poker com os amigos no terraço. Porque a marca da mão talvez suma daqui a alguns anos, difícil mesmo vai ser tirar a da alma que você deixou com toda a sua imaturidade em não perceber que tudo que eu queria era um pouco do seu carinho e da sua atenção.
O que consola meu coração é que sei o quanto você vai se arrepender um dia. Eu só espero que você demore o tempo necessário para que todo esse amor se transforme em desprezo.
Porque eu sei que sempre fui mulher demais para você, e que isso que você está me fazendo é mesmo um grande favor. Que você só está me salvando de mim e desse sentimento que só me faz mal.
Eu soube disso quando implorava para você conversar um pouco comigo.
Soube quando arrumei alguém só para ver se você mudava.
Soube quando você quase me matou com seu maldito cigarro e quando tinha que dividir sua atenção com o cachorro, a tv, o computador, a família e os amigos. Porque tudo era primeiro que nós.
Soube quando você sabendo que eu sofria pisou em mim com suas malditas piadas. E soube principalmente quando, mesmo depois de tudo, fui chorando aos seus braços lhe pedir de volta e você me negou um beijo.
Então enquanto eu continuo aqui revirando o que restou de nós espero que você continue sua caminhada cega e egoísta sempre à frente e tão longe, que a volta demore o tempo suficiente para que no seu retorno você só encontre o que deixou; poeira.