Dor de tudo
A gente olha os olhos e pensa que sabe tudo. O que não sabemos, é o que é maquinado na fração de segundos em que eles piscam, revelando à mente mentiras e trajetórias insensíveis.
E eu que olhava o mundo como quem teme correr na chuva numa noite fria de solidão e acabar espantando a única beleza de um dia quase comum ( a única companhia ), agora corro com botas imundas naquela antiga delicadeza de flores intocadas e desfaço aquela imagem; e não me importo que só me reste o frio da noite ou o simples e não menos complexo nada. Não temo a infertilidade do chão que terei que pisar, pois sei, o mundo acaba e começa e acaba nos olhos, não nesses que piscam e mentem e choram e mentem. Esses não!
Não falo de sonhos, ou lembranças, ou esperanças tortas. Nem da chuva e seus minutos de comoção inexata ( talvez transcedência... ), mas certamente de algo que nem sei se saberei.