A última D.R.

N.A. Este texto foi escrito a partir da história de uma amiga próxima. A pedido dela, escrevi esta carta. Faço votos que tudo se resolva, minha amiga e irmã!!!

Me pego olhando as fotos do nosso casamento.

Onde se perdeu todo aquele sentimento, onde foi parar toda a emoção presente em nossos sorrisos durante a cerimônia?

Hoje, somos praticamente dois estranhos. Não o reconheço mais. Perdi-me de mim e de você.

Fico pensando se realmente vale a pena prosseguirmos, insistirmos para que essa história dê certo. Sinto-me tão cansada dessa rotina sufocante!

Nós dois temos a nossa parcela de culpa no fracasso dessa relação. Eu sou menina demais, gosto de aproveitar cada momento e isso te irrita. Você é tão mais centrado, mais sério, calado.

Vai ver as pessoas tinham razão quando falavam que os 15 anos que nos separam teriam muito peso entre nós. Não sei mais o que pensar. Nunca pensei que teria de viver algo sequer parecido.

Não quero prendê-lo em mim, impedi-lo de ser feliz, buscar alguém que realmente o complete. Também não quero passar o resto dos meus dias infeliz, amargando em uma relação que vai de mal a pior.

E no meio disso tudo, não há somente eu e você. Há nossas famílias, a sociedade, o nosso relacionamento com Deus, nossos amigos. E acima de tudo, há o nosso orgulho maldito, o medo de admitir que erramos na escolha, que nos precipitamos, que não conseguimos suportar a pressão da rotina.

Adoro você, e você sabe disso. Mas já não o amo mais. E sinto que você também não me ama mais como no início. Estamos nos suportando. Ultimamente, o único momento em que estamos completamente bem é na cama. Nessa área nos entendemos perfeitamente bem. Mas sexo não é seguro de vida para nenhuma relação.

Enfim, meu amor, precisamos de uma solução rápida. Ou sentamo-nos para estabelecer metas de hoje em diante para salvarmos esta nossa relação, ou então abrimos mão de uma vez dela. O que não dá é vivermos nessa luta diária, vivermos medindo forças um contra o outro, acusando-nos mutuamente. Assim, acabaremos os dois mais infelizes do que já estamos.

Perdoe-me por ser sincera, você bem sabe que eu prefiro ferir com a verdade do que te enganar. Te espero.