Querido,
 
   Perdi, querido, uma grande amiga, que falava sempre de mim com amor e admiração, e afinidades maiores que a origem cearense consolidou, e fiquei muito triste, rezei de manhã quando ouvi a notícia no rádio, às oito horas, uma manhã chuvosa e fria, de lágrimas do céu, rezei por ela e por nós que aqui ficamos, desamparados, Ana não tinha medo da morte, enfrentava tudo com uma força extraordinária, era uma certeza brava, e eu a amava muito, e amarei sempre. Ela me deixou uma tarefa, que é escrever um livro sobre uma cearence, Bárbara do Cristo, de quem ela descendia, e também o José de Alencar, e  um dia o escreverei, dedicado a Ana, tenho comigo uns livros sobre a dona Bárbara que a Ana me deu, e tenho uma linda foto de nós duas abraçadas, em sua casa no Leblon, onde tantas vezes a visitei.
   Acabei agora de escrever sobre ela, ficou bonito o texto, uma louvação. O Manuel Bandeira escreveu:
Louvo o Padre, louvo o Filho, 
louvo Ana, minha amiga
nata e flor do nosso povo.
Louvo os seus olhos bonitos
louvo a sua simpatia,
louvo a sua voz nortista
louvo o seu amor de tia. 

   Procurei você em todas as mullheres do mundo, a minha vida inteira, e encontrei-a.. em você. É isso que quero ouvir, viu? Nada de gostar de netas e gostar de outras, nem passado nem futuro, está bem? Te amo. 
                           Beijos enciumados.

                                   Ana Miranda
Sofia
Enviado por RG em 25/09/2013
Reeditado em 12/05/2014
Código do texto: T4497605
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